1 - Interna de Formação Específica de Medicina Física e de Reabilitação do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Assistente Hospitalar, Medicina Física e de Reabilitação, Área Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião de serviço de MFR do HDE
Resumo
Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) pediátrico é causa significativa de incapacidade em crianças, sendo frequentemente associado a sequelas motoras e cognitivas a longo prazo que condicionam a participação e a actividade. Esta entidade difere em numerosos aspectos do AVC em idade adulta. A sua apresentação é variada e depende de muitos factores, entre os quais a idade da criança, etiologia e territórios vasculares afectados. É necessário estabelecer uma base de conhecimento sobre as terapias de reabilitação motora e cognitiva baseadas em evidência existentes para esta população clínica.
Objetivos: Estudar e avaliar as intervenções de reabilitação não farmacológica usadas para tratamento de sequelas motoras e cognitivas após AVC pediátrico, fornecendo uma visão geral das evidências sobre a eficácia das diferentes intervenções em reabilitação.
Métodos: Pesquisa na literatura usando palavras-chave relacionadas com AVC na população pediátrica em combinação com palavras-chave relacionadas com complicações e intervenção. Foi dado particular enfoque aos artigos que se interessaram por intervenções de reabilitação não farmacológica para sequelas cognitivas ou motoras pós-AVC pediátrico.
Resultados: A maioria dos estudos disponíveis foca-se na reabilitação motora do membro superior. As estratégias mais eficazes são a terapia de movimento induzido por restrição e a terapia de uso forçado (que promovem reorganização cortical). Quanto aos membros inferiores, o treino de caminhada demonstrou benefício na capacidade de marcha. O treino de memória e uso de programas computorizados demonstraram melhoria em alguns, mas não todos, os participantes com manifestações cognitivas. O AVC Pediátrico, não tem, por si só, melhor prognóstico que o AVC do adulto: embora haja uma maior plasticidade cerebral em idades mais jovens, há também afectação do desenvolvimento das redes neuronais do cérebro imaturo.
Conclusões: O AVC em idade pediátrica constitui uma importante causa de morbi-mortalidade infantil. O facto de haver menor incidência de AVC nesta população em comparação com a adulta justifica a menor quantidade de estudos disponíveis, mas não diminui a importância da sua realização. A extrapolação do tratamento para crianças a partir da literatura de adultos tem numerosas limitações. É importante minimizar a lacuna literária que existe acerca de estratégias de reabilitação pós-AVC pediátrico.
Palavras Chave: AVC; Intervenção; Pediatria; Reabilitação; Sequelas.