imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

QUANDO A CETOACIDOSE DIABÉTICA E O CHOQUE SÉPTICO SE ASSOCIAM: UMA ABORDAGEM COMPLEXA

Joana Branco1, Pedro Mantas1,2, Rute Baptista1,3, Gustavo Queirós4, Rosa Pina5, Inês Salva1, Gabriela Pereira1, João Estrada1

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
2 - Serviço de Pediatria, Hospital Distrital de Santarém
3 - Unidade de Nefrologia, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
4 - Serviço de Pediatria, Hospital Vila Franca de Xira
5 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- 1as Jornadas Digitais da SPP, 29 e 30 de outubro de 2020 (póster)

Resumo:
Introdução: A diabetes mellitus (DM) tipo 1 apresenta-se classicamente como poliúria, polidipsia, perda de peso e hiperglicemia, sem acidose. A cetoacidose diabética (CAD) é frequente em idades inferiores a 3 anos e na puberdade, podendo ser precipitada por infeção, e associar-se a desidratação e lesão renal aguda.
Relato de caso: Adolescente de 15 anos, com antecedentes de hidrosadenite supurativa inguinal, com abcedação recorrente. CAD grave inaugural, associada a choque séptico, em contexto de múltiplos abcessos inguinais. Apresentação com coma (GCS 3), choque (MAP mínima 35 mmHg e lactato máximo 2,4 mmol/L) e acidose metabólica grave (pH mínimo 6,7 e HCO3 mínimo 1,7 mmol/L). Expansão de volume sem resposta, com necessidade de suporte inotrópico durante 10 dias (máximos de dopamina 10mcg/kg/min, adrenalina 0,4mcg/kg/min e noradrenalina 0,5mcg/kg/min) e ventilação mecânica invasiva durante 11 dias. Correção da acidose com volume, perfusão de insulina e bicarbonato, após exclusão de hipertensão intracraniana. Anúria desde a admissão, refratária a compensação de volume, que evoluiu para sobrecarga hídrica, sem resposta a diuréticos, e necessidade de hemodiafiltraçãovenovenosacontínua durante 12 dias. Normalização gradual da diurese, função renal e perfil metabólico.
Conclusões: A hidrosadenite supurativa, quando associada a DM, constitui um foco de infeção potencialmente grave e que pode evoluir para sépsis. A associação de CAD a choque séptico requer uma abordagem terapêutica complexa e pode conduzir a complicações graves, como a hipertensão intracraniana e a lesão renal aguda. O reconhecimento atempado pode melhorar o prognóstico e evitar a progressão para doença crónica.

Palavras Chave: diabetes mellitus tipo 1, cetoacidose diabética, choque séptico, hidrosadenite supurativa