1 - Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
2 - Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
3 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
- 12as Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral – CHULC
- Apresentação de poster
Resumo:
Introdução: As infecções por Fusobacterium são raras, mas têm vindo a ser cada vez mais reportadas. Factores que predispõem à aspiração de secreções orofaríngeas, particularmente a má higiene oral, gengivite ou periodontite são factores que podem contribuir para estas infecções.
Relato de caso: Adolescente, 16 anos, sexo feminino, com perturbação do desenvolvimento intelectual e do comportamento medicada com lítio, com febre há duas semanas. Na admissão apresentava Glasgow 9, FC 110 bpm, Sp O2 87%, múltiplas cáries, gengivite e diminuição do murmúrio vesicular nos 2/3 inferiores do hemitórax direito. O doseamento de lítio era 2,9 mmol/L (VR < 1,5), compatível com níveis tóxicos. Analiticamente registava-se leucocitose (38100 cél/uL), PCR 344 mg/L, radiografia torácica com hipotransparência da base direita e ecografia com derrame pulmonar loculado. Desta forma, foi submetida a desbridamento pleural por via toracoscópica e drenagem torácica, em D1 internamento. O líquido pleural (LP) era turvo com 4018 leucócitos/uL (3779 polimorfonucleares/uL). Necessitou de ventilação mecânica durante 8 dias por insuficiência respiratória. Dada a ausência de melhoria clínica, laboratorial e radiológica decidiu-se a realização de toracotomia e descorticação pulmonar em D14, encontrando-se superfície pulmonar coberta de exsudado fibrinoso espesso, sem conteúdo purulento e hepatização franca dos lobos superior e médio. O exame cultural, PCR Pneumococo e pesquisa de Micobactérias foram negativos no LP, culturas e a PCR Pneumocystis jirovecii e Chlamydia pneumoniae negativas nas secreções. Pela evolução clínica desfavorável realizou múltiplos ciclos de antibioticoterapia. A PCR 16SRNA no LP veio a identificar Fusobacterium nucleatum e após meropenem e metronidazol ocorreu melhoria clínica, ventilatória e radiológica.
Conclusões: A pneumonia por Fusobacterium nucleatum tem morbilidade e mortalidade importantes e pela sua raridade constitui um desafio para o clínico. Os novos métodos de biologia molecular são fundamentais para o diagnóstico. A antibioticoterapia dirigida associada ao desbridamento do tecido necrótico é essencial no prognóstico.
Palavras Chave: Empiema, Fusobacterium nucleatum, Pneumonia