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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PADRÃO DE MARCHA EM PARALISIA CEREBRAL

Madalena Rangel1, Mafalda Pires2, Sandra Claro3

1 - Interna de Medicina Física de Reabilitação do Hospital do Espírito Santo de Évora
2 - Assistente Hospitalar de Medicina Física de Reabilitação do Hospital de Dona Estefânia
3 - Assistente Hospitalar Graduada de Medicina Física de Reabilitação do Hospital de Dona Estefânia e Hospital do Espírito Santo de Évora

- Reunião/ Journal Club da Especialidade de Medicina Física e Reabilitação do Hospital de Dona Estefânia

Resumo:
Introdução: Apesar dos avanços na medicina pré-natal, cuidados obstétricos e acesso médico generalizado, a Paralisia Cerebral (PC) mantem-se como a principal causa de incapacidade nas crianças e adolescentes, afetando 1 em cada 500. As principais alterações ocorrem a nível motor e podem resultar de défice de força muscular, espasticidade, alteração do controlo motor e contraturas/deformidades articulares. Em aproximadamente 75% mantem-se algum nível de capacidade de marcha, frequentemente com padrões complexos e compensações que são dinâmicas e se alteram durante o crescimento. Neste sentido, a análise de marcha (AM) tem assumido um papel fundamental no planeamento de estratégias optimizadoras da funcionalidade, através da prescrição de produtos de apoio como ortóteses e auxiliares de marcha, infiltração de toxina botulínica ou proposta cirúrgica. 
Objetivos: Descrição dos padrões de marcha mais comuns na PC, ferramentas disponíveis para AM e intervenções mais utilizadas.
Métodos: Pesquisa Medline/PubMed utilizando os termos “gait”, “analysis”, “cerebral”, “palsy”, pediatric”, “rehabilitation” para estudos publicados até março de 2020.
Resultados: As classificações mais utilizadas na AM na PC têm como base a cinemática do plano sagital, no entanto, estão disponíveis outras ferramentas como vídeocinemática, videocinética, electromiografia e o baropodograma. Estas classificações permitem uma uniformização do seu estudo e auxiliam o desenvolvimento de terapêuticas direcionadas. Nos quadros de PC espástica unilateral, a classificação de Winters divide as alterações em 4 grupos que refletem uma progressão de distal para proximal na sua gravidade: pé equino, flexão plantar permanente, hiperextensão de joelho, limitação dos flexores do joelho, hiperflexão da anca e aumento da lordose pélvica. A classificação de Rodda e Graham relativa à PC espástica bilateral, descreve alterações que se agrupam em: verdadeiro equino, jump gait, equino aparente e crouch gait. Em ambos os casos estes grupos refletem um continuo em vez de grupos estanques, sendo necessário a adaptação da intervenção à medida da progressão do quadro.
Conclusões: Perante a ausência de estratégias modificadoras da fisiopatologia da PC, a intervenção por Medicina Física e Reabilitação mantém-se essencial na otimização da funcionalidade, participação e qualidade de vida. A AM é uma ferramenta cada vez mais utilizada e que deve estar disponível para melhor planeamento das intervenções nesta área.

Palavras Chave: marcha; paralisia cerebral.