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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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JEJUM E NAUSÉAS E VÓMITOS PÓS-OPERATÓRIOS EM PEDIATRIA

Inês Lencastre Ferraz1, Teresa Cenicante2

1 - Interna de Formação específica de Anestesiologia, Centro Hospitalar Tâmega e Sousa
2 - Assistente Graduada Sénior, Serviço de Anestesiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

-  Reunião do serviço de Anestesiologia Pediátrica, Centro Hospitalar Lisboa Central – Hospital Dona Estefânia – 3 de janeiro de 2020

Resumo:
O jejum prolongado acarreta consequências adversas. A maioria dos doentes chega ao bloco operatório desidratado e com débito cardíaco diminuído. A incidência de RGE é baixa – 3/10000 – após duas ou uma horas após a ingestão de alimentos e o risco de aspiração pulmonar ainda mais baixo. A prática do abreviamento do jejum avançou mais rapidamente na pediatria e atualmente recomenda-se a ingestão de líquidos claros até 3 ml/Kg uma hora antes da indução, salvo contraindicações.
A fisiologia das NVPO é complexa, sendo esta complicação duas vezes mais frequente em idade pediátrica. Nenhum antiemético reduz a incidência de NVPO até zero e apenas 20-30% das crianças respondem eficazmente. A redução do risco de NVPO atinge-se com a combinação de anti-eméticos, sendo necessário identificar as crianças com fatores de risco. Algumas medidas gerais podem diminuir a sua incidência: evitar jejum prolongado, ansiólise, hidratação, fluidoterapia adequados. utilizar técnicas poupadores de opioides e TIVA.
A profilaxia de NVPO pode ser realizada em monoterapia, terapia dupla ou tripla, consoante haja zero a um fator de risco, dois fatores ou três ou quatro, respetivamente. O ondasetrom deve ser considerado primeira linha e pode ser mais eficaz em combinação. Deve ser evitado em crianças com síndrome do QT longo. A dexametasona reduz o risco de NVPO particularmente tardios, após seis horas. Em doses baixas são igualmente eficazes e não há evidência de aumento de efeitos adversos como hiperglicemia e infeção da ferida operatória. O droperidol é efetivo como profilaxia e tratamento de NVPO, mas usado como terapia de resgate devido aos efeitos sedativos, extrapiramidais e de prolongamento do intervalo Qt. A metoclopramida não é recomendada para tratamento de NVPO pelos efeitos extrapiramidais mais comuns em idade pediátrica.
O propofol pode ser utilizado como tratamento de resgaste em caso de vómitos incoercíveis mesmo com terapêutica tripla. Publicações de tratamento não farmacológico em crianças referem que a acupressão do ponto P6 pode ser usada como alternativa.
Concluindo, nas crianças, atualmente recomenda-se a ingestão de líquidos claros uma hora antes da cirurgia e é necessário identificar crianças com fatores de risco para NVPO.

Palavras Chave: Jejum; Náuseas; Vómitos