1 - Serviço de Neurologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Serviço de Pediatria, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
3 - Unidade Cerebrovascular (UCV), Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
4 - Serviço de Neurorradiologia, Hospital de São José, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- 6º Congresso Português do AVC, Porto, 2-4 Fev. 2012 (Comunicação oral).
- Resumo Publicado na Revista Sinapse Vol. 12, nº1 Maio 2012.
Introdução: Nos últimos anos tem havido um reconhecimento crescente da doença cerebrovascular na criança. O AVC isquémico em idade pediátrica tem uma incidência de 2-3 casos/100000/ano, e está associado a elevada morbilidade. Dada a sua raridade, torna-se difícil a realização de estudos multicêntricos à semelhança dos que têm sido feitos em adultos, não havendo ainda consenso sobre terapêutica em fase aguda neste grupo etário. Estão publicados casos clínicos ou pequenas séries em que foi realizada trombólise e/ou embolectomia em crianças.
Caso clínico: Adolescente de 14 anos, raça negra, com antecedentes de valvulopatia mitral reumática, recorreu ao SU, por instalação súbita de diminuição de força do hemicorpo esquerdo e assimetria facial, com 30 minutos de evolução. Apresentava-se hemodinamicamente estável, vigil, orientada, anosognósica, com paralisia facial central esquerda e hemiplegia esquerda flácida com Babinski homolateral (NIHSS 14). Realizou TC-CE e angio-TC que mostraram hiperdensidade do segmento M1 da artéria cerebral média (ACM) direita por oclusão. Foi efectuada angioplastia de reperfusão com trombectomia, com recanalização completa, pelo que não fez trombólise iv (NIHSS 4). Iniciou antiagregação plaquetária e posteriormente anticoagulação. A RM encefálica, 24 horas depois, evidenciou enfarte isquémico profundo da região posterior do núcleo lenticulado, cápsula externa e corpo do núcleo caudado, sem transformação hemorrágica. Na angio-RM mantinha redução focal segmentar da porção M1 distal, embora menos acentuada. Clinicamente verificou-se resolução quase completa dos sinais focais, persistindo apenas discreta hemiparésia distal. Foi feita investigação etiológica com ecocardiograma transtorácico, eco-doppler cervical e transcraniano e estudo dos factores protrombóticos, não tendo sido encontradas outras alterações.
Conclusões: O rápido diagnóstico e intervenção terapêutica no caso apresentado permitiram uma boa recuperação do quadro neurológico. Julgamos tratar-se do primeiro caso descrito no nosso país de embolectomia isolada num adolescente com AVC agudo, existindo alguns casos submetidos a trombólise. A terapêutica mais indicada no AVC agudo na idade pediátrica é controversa, pelo que propomos discutir a criação de uma "via verde pediátrica intrahospitalar", adaptada a cada realidade hospitalar.
Palavras-chave: stroke, hemiparesis, thrombectomy, embolectomy.