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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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COVID-19 EM CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS: UM RETRATO

M Inês Nunes Marques1,2; Filipa Marujo1; Sofia Carneiro1; Vera Brites1; Maria João Brito3; Sérgio Lamy1; João Estrada1

1 - Unidade Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central;
2 - Serviço de Pediatria, Departamento da Saúde da Mulher e da Criança, Hospital Espirito Santo Évora;
3 - Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Primeiras Jornadas Digitais de Pediatria Sociedade Portuguesa de Pediatria 29 e 30 outubro 2020

Resumo: A infeção por SARS-CoV-2 pode causar doença (COVID-19) potencialmente grave com manifestações variáveis. Segundo dados disponíveis, a doença em idade pediátrica é pouco frequente (1-5%). A taxa de internamento é de 2-4% em crianças saudáveis, sendo superior nas com doença crónica (15-22%). O internamento em Unidade de Cuidados Intensivos (UCIP) atinge os 5%. Apresentamos a experiência da UCIP de um hospital de referência COVID-19 de Março a Julho 2020. No período estudado, dos 97 doentes internados por COVID-19, cinco ingressaram em UCIP; idades compreendidas entre os 4 meses e 13 anos; quatro com comorbilidades. Os motivos de internamento foram síndrome inflamatório multissistémico (1), insuficiência respiratória aguda (2), descompensação de cardiopatia congénita (2). Registou-se um caso de infeção nosocomial. Internamento ocorreu entre o 2º e o 9º dia de doença. Foi necessário suporte ventilatório (4) e vasopressor (3). Em quatro houve lesão miocárdica e dois tiveram falência multiorgânica. Realizou-se terapêutica antibiótica (4), antiviral (5), corticoterapia (3) e imunoglobulina (2). A duração de internamento variou entre 6 a 29 dias. Não ocorreram óbitos.
Comentários / Conclusões: Embora a COVID-19 curse com benignidade em idade pediátrica, a doença grave é uma realidade. Como noutras séries, as comorbilidades parecem contribuir para maior gravidade e a taxa de internamento em UCIP foi sobreponível à descrita. É importante um elevado nível de suspeição dada a variabilidade clínica desta entidade. A possibilidade de deterioração clínica, exige monitorização cuidadosa e abordagem rápida e direcionada nestes doentes. As orientações terapêuticas não são ainda consensuais e por isso devem ser discutidas em equipa multidisciplinar.

Palavras Chave: SARS-Cov2, COVID-19, cuidados intensivos pediátricos