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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ATRÉSIA DO ESÓFAGO DE HIATO LONGO: EXPERIÊNCIA DE 7 ANOS NUM HOSPITAL DE NÍVEL III

Francisco Branco Caetano1, Carolina Sobral2, Beatriz Costa1, Sara Ferreira1, Rosário Perry da Câmara1, Rafaella Murinello2, Maria Knoblich2, Rita Machado1, Isabel Afonso3, José Cabral3, Rui Alves2

1 - Pediatria Médica – Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
2 - Cirurgia Pediátrica – Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central
3 - Unidade de Gastrenterologia – Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

- 1ªs Jornadas Digitais de Pediatria

Introdução e objectivos: A atrésia do esófago de hiato longo é uma patologia rara e complexa, impondo desafios na caracterização, terapêutica e gestão de complicações. Procuramos caracterizar os casos de atrésia do esófago de hiato longo na população pediátrica internada num hospital pediátrico de nível III.
Métodos: Estudo descritivo de julho de 2013 a julho de 2020. Analisaram-se dados epidemiológicos e clínicos.
Resultados: Registaram-se 11 casos de atrésia do esófago de hiato longo, sendo 8 doentes do sexo masculino. Em 72% do casos, o diagnóstico foi pré-natal. O parto foi pré-termo em 40% dos doentes. Em 6 doentes, co-existiam outras alterações, sendo mais comum a associação VACTERL (n=3), seguida da Trissomia 21 (n=2). Em 8 dos casos, não foi identificada fístula traqueo-esofágica. A média de distância entre os topos esofágicos foi de 33 mm (min.: 20 mm, max.: 50 mm). Em 55% dos doentes foi tentada aproximação os topos (método de Foker, n=5, magnetes, n=1). Na maioria dos casos (n=9), foi conseguida anastomose em 2o tempo, sendo a transposição gástrica utilizada numa minoria de doentes (n=2). A idade mediana de correcção cirúrgica foi de 7.3 meses. Todos os doentes sofreram complicações resultantes da patologia de base ou da sua correcção, tendo as mais comuns sido refluxo gastro-esofágico (n=11), estenose com necessidade de dilatação endoscópica (n=9), doença respiratória (n=7) e má progressão ponderal (n=5). A média de duração do primeiro internamento foi de 255 dias.
Conclusões: A abordagem terapêutica da atrésia esofágica é pouco consensual, associando-se frequentemente a internamentos prolongados e ao desgaste emocional familiar. A colaboração multidisciplinar é fundamental para o sucesso terapêutico e no seguimento a longo prazo das complicações.

Palavras Chave: atrésia do esófago, VACTERL