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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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AS APARÊNCIAS ILUDEM

Pedro Mantas1,2; Joana Branco1; Marta Oliveira1; Gabriela Pereira1; Ana Casimiro3; Leonor Sassetti4; João Estrada

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central
2 - Serviço de Pediatria, Hospital Distrital de Santarém
3 - Unidade de Pneumologia, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central
4 - Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco e Unidade de Adolescentes, Área de Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central

- 1as Jornadas Digitais da SPP, 29 e 30 de outubro de 2020 (póster)

Introdução/Relato de caso: Os autores apresentam o caso de um rapaz de 7 anos internado para investigação de episódios recorrentes de depressão do estado de consciência, acompanhada por vómitos, dificuldade respiratória, bradicardia, hipotensão e hipotermia. Admitido na UCIP após paragem cardiorrespiratória. À observação: hipoxemia, hipotensão, hemorragia pulmonar constatada após entubação, hemorragia digestiva alta e hematúria. Analiticamente: acidose metabólica sem aniongap aumentado e lesão renal aguda. Ao longo do internamento, teve necessidade de ventilação invasiva prolongada e suporte vasopressor. Verificaram-se episódios paroxísticos de bradicardia extrema, hemorragia pulmonar e anemia hemolítica. Foram excluídas diversas etiologias (auto-imune, cardíaca, infecciosa, neurológica) pelo que se considerou eventual causa externa. A hipótese foi reforçada após ter sido detectado material estranho com odor distinto no prolongamento do cateter. Em D12 de internamento foi constatada administração de clorofórmio por via endovenosa efetuada pela mãe, suportando o diagnóstico de síndrome de Münchhausen by proxy. Um ano após o diagnóstico, mantém necessidade noturna de oxigénio suplementar devido à pneumonite química desenvolvida e seguimento na consulta de risco pediátrico.
Conclusões: A síndrome de Münchausen by proxy é uma forma específica de maus tratos no qual o cuidador, habitualmente a mãe, inventa sintomas falsos ou provoca sintomas reais à criança com o intuito de chamar a atenção através da doença da mesma. Geralmente os sintomas não são fisiopatologicamente explicáveis e ocorrem apenas quando a criança se encontra com o cuidador. Este caso evidencia a necessidade de excluir esta hipótese clínica atempadamente de forma a evitar a morbimortalidade associada.

Palavras Chave: síndrome de Münchausen by proxy, clorofórmio