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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TEMPO DE FREQUÊNCIA DO INFANTÁRIO E COMPOSTOS ORGÂNICOS VOLÁTEIS TOTAIS (COVS): ASSOCIAÇÃO COM NECESSIDADE DE AVALIAÇÃO MÉDICA POR SIBILÂNCIA

João Marques1,2, Pedro Martins1,2,3, Ana Luísa Papoila4,5, Marta Alves5, Iolanda Caires2,3, José Martins2,3, Catarina Pedro2,3, Maria do Carmo Manilha6, Maria Manuela Cano6, Ana Sofia Mendes6, João Paulo Teixeira6, José Rosado-Pinto7, Daniel Virella5, Paula Leiria-Pinto1,2, Nuno Neuparth1,2,3.

1 - Serviço Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.;
2 - CEDOC, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa;
3 - Departamento de Fisiopatologia, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa;
4 - Departamento de Bioestatística e Informática, Faculdade Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, CEAUL;
5 - Gabinete de Apoio Estatístico e Epidemiológico, Centro de Investigação, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
6 - Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge;
7 - Hospital da Luz, Espirito Santo Saúde.

- 33ª Reunião Anual SPAIC; Fátima 5 a 7 Outubro de 2012 (Comunicação Oral).
- Financiamento: Fundação para a Ciência e Tecnologia – ENVIRH Project PTDC/SAU-ESA/100275/2008.

Introdução: A entrada no infantário associa-se a risco aumentado de sibilância com necessidade de avaliação médica não programada. Não estão convenientemente estudados os factores de risco para episódios de sibilância graves, associados com a qualidade do ar de infantários.

Objectivos: Estudar potenciais factores de risco para episódios de sibilância que necessitem de avaliação médica associados à frequência de infantários (creche e jardim infantil).

Métodos: No âmbito do estudo ENVIRH (Environment and Health in children day care centers), seleccionaram-se 19 IPSS em Lisboa e Porto, com creche e jardim infantil, por amostragem estratificada, seguida de análise de clusters. As instituições foram submetidas à avaliação da qualidade do ar interior em Março de 2011. Foi aplicado às crianças participantes um questionário de frequência e gravidade das queixas de sibilância nos meses de Março e Abril de 2011 (n = 1226). Para a análise de dados utilizaram-se modelos de regressão hierárquicos, dado as crianças estarem alocadas à sala e a sala estar alocada à escola. Recorreu-se à abordagem do valor p mínimo para determinar o ponto de corte do tempo de frequência do infantário (em meses) associado a menor risco de sibilância com necessidade de observação médica.

Resultados: Obtiveram-se 749 questionários (61%), 53,3% de rapazes. A idade mediana das crianças foi de 43 meses (P25-P75: 26-58 meses) e a mediana da idade de entrada na instituição foi de 24 meses (P25-P75: 8-40 meses). Nos meses estudados, 68 crianças (9%) necessitaram de avaliação médica por sibilância. As crianças que frequentavam as instituições há mais de 10 meses tiveram menos episódios de sibilância com necessidade de avaliação médica. Na análise multivariável, somente a frequência do infantário há menos de 10 meses persistiu significativa (OR: 2,23, IC 95%: 1,28 – 3,88, p = 0,004), sendo de notar o efeito marginal dos COVs (OR: 1,07, IC 95%: 0,99 – 1,14, p = 0,085) calculado para aumentos de concentração de 100 µg/m3.

Conclusões: O tempo de frequência do infantário surge neste estudo como o principal factor associado a sibilância com necessidade de avaliação médica, identificando-se um ponto de corte significativo aos 10 meses de infantário. Salienta-se ainda que se identificou a tendência para cada aumento de 100 µg/m3 de COVs se associar a um acréscimo de 7% da possibilidade de ocorrência de sibilância.

Palavras Chaves: sibilância, criança, factores de risco, epidemiologia.