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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM TEMPO DE COVID-19

Nádia Almeida Barradas1; Madalena Ferro Rodrigues1; Joana Correia1; Cristina Marques1

1 - Pedopsiquiatria, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Apresentação oral – Semana do Bebé do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira.

Introdução: O surgimento da pandemia COVID-19 associou-se a modificações na vida das famílias. No dia-a-dia das crianças ocorreram de forma súbita o fim das aulas presenciais, a suspensão de atividades extracurriculares, a diminuição da interação com pares e o aumento do tempo em família. As crianças são particularmente vulneráveis à mudança e perda de estabilidade. A associação entre a pandemia e o surgimento de perturbações ansiosas e depressivas parece decorrer das sensações inerentes de insegurança e perda.
Objetivos: Caracterizar o impacto do confinamento associado à pandemia COVID-19 no surgimento de sintomas depressivos e ansiosos em crianças.
Métodos: Esta revisão científica foi realizada através da análise cuidada da evidência científica disponível nas plataformas eletrónicas MEDLINE, Embase e Cochrane Library.
Resultados: A maioria dos sintomas ansiosos e depressivos é apenas transitória e, frequentemente, adaptativa. São a persistência, quantidade, intensidade e disfunção associadas que transformam um determinado quadro de sintomas numa doença. Os efeitos negativos de eventos stressores dependem ainda das características individuais da criança e da sua família. As crianças com diagnóstico de perturbação psiquiátrica têm maior risco de desenvolver novos sintomas ou de sofrer um agravamento do seu quadro de base. Em todas as fases do desenvolvimento parece existir um aumento da prevalência de perturbações depressivas, de ansiedade e relacionados com trauma e stress. As crianças inseridas em comunidades com elevadas taxas de infeção apresentam maior risco. Para algumas crianças em contextos sociais mais desfavorecidos, o confinamento pode agravar situações de negligência e abuso.
Conclusões: É de extrema importância o suporte às famílias na gestão das dificuldades e exigências das crianças neste período. Os efeitos da exposição a fatores stressores são cumulativos e dependentes da susceptibilidade individual. As crianças são particularmente vulneráveis ao contexto e ao stress a que família e a comunidade em que se inserem estão sujeitas.

Palavras Chave: Confinamento, covid-19, crianças, famílias, saúde mental.