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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ÁCIDO TRANEXÂMICO EM PEDIATRIA

Sílvia Farraposo1, Gabriela Costa2, Teresa Cenicante2

1 - Anestesiologia, Serviço de Anestesiologia, Hospital São José, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 - Anestesiologia, Serviço de Anestesiologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Reunião de serviço de anestesiologia

Introdução: O ácido tranexâmico (TXA) surgiu no mercado na década de 70, como molécula para o tratamento de menorragias, e desde então, quer a sua utilização se diversificou, quer o seu perfil de segurança se consolidou. O salto para a sua utilização generalizada em pediatria foi apenas uma questão de tempo. Contudo, questões sobre a dose ideal continuam a ser um ponto em discussão.
Descrição: O TXA é um anti-fibrinolítico, derivado sintético do aminoácido lisina, que se liga de forma competitiva ao local de ligação da lisina, na molécula de plasminogéneo, impedindo assim a sua ativação em plasmina, mantendo assim os coágulos estáveis. Em doses elevadas, o TXA é um inibidor direto da plasmina, e um inibidor indireto de todas as vias ativadas pela plasmina (e.g., plaquetas, complemento, inflamação). Trata-se de um fármaco barato, eficaz, que pode ser administrado por via endovenosa, oral ou tópica, tem metabolização hepática mínina, e 95% é excretado na urina na forma livre. Em casos raros, o fármaco foi associado a uma diminuição do limiar de convulsão na idade pediátrica, contudo estudos recentes mostraram que tal aconteceu em situações de sobredosagem e em crianças com antecedentes de convulsão. Contudo, por não existirem valores inequívocos para a dose ideal de TXA em idade pediátrica, a ocorrência de sobredosagem é uma possibilidade. Em contexto de cirurgia eletiva, concentrações plasmáticas de 20ug/ml (dose carga 10mg/Kg) são tidas como baixas e seguras, enquanto valores plasmáticos de 150ug/ml (dose carga 50mg/Kg) são tidos como elevados, com baixa margem de segurança e sem acréscimo de benefícios. Em contexto de trauma, considera-se dose ideal, a administração de 15mg/kg (máximo 1g), seguida de perfusão endovenosa de 2 a 5 mg/kg/h (máximo 1g), em 8 horas ou até a hemorragia estar controlada.
Conclusão: O TXA é um estabilizador de coágulos, não um promotor de coágulos, e todos os estudos realizados até ao momento não demonstraram aumento na incidência de complicações tromboembólicas quando o TXA é administrado de forma apropriada. Além de que, quando usadas doses seguras, a administração profilática/terapêutica de TXA é bem tolerada e constitui uma estratégia efetiva no controlo hemorrágico.

Palavras Chave: Ácido Tranexâmico, Farmacodinâmica, Farmacocinética, Pediatria