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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ABORDAGEM DA HEMOSTASE E ANTICOAGULAÇÃO NO CONTEXTO DA INFEÇÃO POR SARS-COV-2

Teresa Seara Sevivas1, André Caiado2, Anabela Rodrigues3, António Robalo Nunes4

1 - Serviço de Sangue e Medicina Transfusional, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra
2 - Imunohemoterapia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Imunohemoterapia, Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Hospital Santa Maria, Lisboa
4 - Serviço de Medicina Transfusional, Hospital das Forças Armadas - Pólo de Lisboa, Lisboa 

- Artigo de revisão colaborativo publicado em abril de 2020 na secção “Avanços Recentes” da Revista Medicina Interna, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

Introdução: A doença associada à infeção por SARS-CoV-2 (COVID-19), tornou-se numa pandemia, com o primeiro caso em Portugal declarado a 2/3/2020. A síndrome respiratória aguda, evolui em muitos doentes para choque séptico, acidose metabólica e coagulopatia intravascular disseminada (CID). Estes doentes apresentam frequentemente alterações da coagulação, algumas associadas a pior prognóstico. O risco de complicações trombóticas, coagulopatia e CID nos doentes com COVID-19 recomenda a emissão de orientações relativas à monitorização da hemostase e terapêutica anticoagulante que pode beneficiar estes doentes.
Objectivos: Sumarizar a literatura actual sobre diagnóstico e tratamento das alterações da hemostase na infecção por SARS-CoV-2.
Métodos: Foi efectuada pesquisa bibliográfica na PubMed e Medline, usando as palavras-chave: «COVID-19», «SARSCoV infection», «thromboprophylaxis», «anticoagulation», «thrombosis» e «coagulopathy». A pesquisa bibliográfica e experiência clínica dos autores constitui a base deste manuscrito
Resultados e Conclusões:
A. MONITORIZAÇÃO
1. Rastreio da coagulação na admissão, como monitorização de doentes infectados com SARS-CoV-2, e no seguimento dos casos mais graves;
2. O rastreio deve ser precoce e incluir D-dímeros, TP e contagem de plaquetas, por ordem decrescente de importância, em TODOS os doentes com COVID-19;
3. Avaliar score SIC (precoce) e CID (mais tardio);
4. Pode ser útil dosear o fibrinogénio neste cenário, conforme recomendado pela ISTH;
5. Considerar: monitorização de estados de hiperfibrinólise e hiperfibrinólise associada ou agravada por ECMO. Neste caso, dosear FXIII e antitrombina;
6. Monitorização de estados de hipercoagulabilidade, por testes viscoelásticos, quando disponíveis;
7. Considerar doseamento da actividade anti-FXa, sobretudo nos doentes com baixa taxa de filtração glomerular (TFG<50 mL/min).
B. TERAPÊUTICA
1. Considerar HBPM profiláctica em TODOS os doentes (incluindo não críticos) internados por COVID-19, na ausência de contraindicações (hemorragia activa e contagem de plaquetas inferior a 25x109/L). Efectuar monitorização adequada no caso de insuficiência renal grave.
2. Valores anormais de TP e TTPa não são contraindicação à terapêutica profiláctica com HBPM.

Palavras Chave: Anticoagulantes, Coagulação Sanguínea, COVID-19, Infecções por Coronavírus, Tromboembolia Venosa.