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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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TOSSE CONVULSA EM RECÉM-NASCIDO E HESITAÇÃO EM VACINAR

Joana Pais de Faria1, Alexandra Vasconcelos1, Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia Pediátrica, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

Reunião Nacional XVI Jornadas Nacionais de Infecciologia Pediátrica da SIP-SPP. 31 de maio de 2019, Braga. Poster com discussão

Introdução: A tosse convulsa (TC) mantêm-se um problema de saúde pública a nível mundial. Os lactentes com menos de dois meses de idade, constituem o grupo com maior risco para doença grave e mortalidade. Desde 2017, o Programa Nacional de Vacinação (PNV) contempla a vacina Tdpa (tétano, difteria e tosse convulsa) para grávidas entre as 20 e 36 semanas, conferindo protecção passiva aos lactentes.
Descrição de caso: Lactente de dois meses, com antecedentes de prematuridade (29 semanas), muito baixo peso ao nascer (1480g), doença de membrana hialina tipo 1, internado até ao 41º dia de vida. Inserido em família com recusa em vacinar – a mãe recusara ser vacinada na gravidez e irmã de dois anos sem vacinas. Foi internado por tosse acessual com duas semanas de evolução, tiragem global, períodos de congestão facial e cianose, com protusão da língua e dessaturação. Analiticamente registava leucocitose (30,00x109/L), com linfocitose (20,00x109/L) e PCR 1.2 mg/L. A PCR para Bartonella pertussis foi positiva pelo que cumpriu cinco dias de azitromicina. Em D7 de internamento registou-se agravamento clínico com pneumonia, atelectasia e hiperleucocitose (máximo 68,00x109/L) necessitando de cuidados intensivos durante 9 dias. A evolução foi favorável. A irmã também com tosse, frequentava uma instituição pré-escolar com posição antivacinas onde uma criança com tosse convulsa fora tratada com homeopatia. Os avós recusaram realizar profilaxia. Foi feita notificação SINAVE. O infantário e parte das famílias do núcleo escolar mostraram resistência á intervenção do Delegado de Saúde não permitindo o diagnóstico e tratamento de outras crianças.
Discussão: A incidência de tosse convulsa em países desenvolvidos é multifactorial. São necessárias novas e urgentes estratégias. A hesitação em vacinar, não é recente, mas é actual. Inclui um grupo heterogéneo de continuum entre a aceitação e confiança total até recusa completa e militança antivacinas. Este é um dos principais desafios dos programas de vacinação, mas também um problema de saúde pública. A formação de profissionais de saúde e um debate sério do tema na comunidade científica é urgente e essencial.

Palavras Chave: hesitação em vacinar, PNV, tosse convulsa