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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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STAPHYLOCOCCUS AUREUS: QUANDO AS BACTERIAS BOAS SE TORNAM BACTÉRIAS MÁS

Francisco Branco Caetano1, Anaxore Casimiro2, João Lameiras Campagnolo3, Catarina Gouveia1, Flora Candeias1, Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2- Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3- Serviço de Ortopedia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

Reunião nacional (XVI Jornadas Nacionais de Infecciologia Pediátrica da SIP-SPP)

Introdução: Staphylococcus aureus é o agente etiológico mais frequente das infeções osteo-articulares (IOA). A leucocidina Panton-Valentine (PVL), é entre outras toxinas, um importante fator de virulência, associada a um aumento significativo do número de complicações. 
Relato de caso: Criança de 10 anos, previamente saudável, com febre, dor e sinais inflamatórios da perna e articulação tíbio-társica direitas, medicado com flucloxacilina e gentamicina, sem melhoria clínica. Em D3 de doença por agravamento clínico com hiperalgesia intensa foi transferido para hospital terciário. A RM revelou osteomielite da tíbia direita, associada a derrame articular na articulação tibio-társica, miosite, fasceíte e abcesso subperiosteal e foi medicado com flucloxacilina e clindamicina. O ecodoppler do membro inferior revelou trombose da veia poplítea pelo que se associou enoxaparina em dose terapêutica. Foi submetido a artrocentese e drenagem cirúrgica do abcesso, com isolamento de Staphylococcus aureus meticilino-sensível (SAMS). A infeção foi complicada ainda com pneumonia hipoxemiante lobar inferior esquerda, com derrame pleural loculado, drenado por videotoracoscopia. A TC torácica torácica revelou múltiplos êmbolos sépticos. Necessitou de cuidados intensivos e ventilação mecânica durante dois dias. Manteve flucloxacilina e clindamicina durante 4 semanas e enoxaparina durante 3 meses, com evolução favorável. Atualmente sem queixas álgicas, dismetrias ou desvios, mantendo discretas alterações justapleurais e bronquiectasias tubulares sugestivas de processo fibrocicatricial.
Conclusões: A IOA por Staphylococcus aureus associada a evolução desfavorável ou a complicações como miosite, fasceíte, pneumonia e trombose, deve evocar a hipótese de se estar perante um microrganismo produtor de PVL ou de outros fatores de virulência. A terapêutica antimicrobiana combinada dirigida a estas situações, associada a drenagem cirúrgica dos abcessos, é fundamental.

Palavras Chave: Artrite séptica, Leucocidina Panton-Valentine, Osteomielite, Staphylococcus