1- Pedopsiquiatria, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa.
- Congresso internacional: póster com comunicação oral apresentado no 3º Congresso Internacional da Criança e do Adolescente (ICCA). Porto, Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, 23 a 25 de janeiro de 2019.
Introdução:O sono insuficiente nos adolescentes tem sido reconhecido como um importante problema de saúde pública. A perda crónica de sono nos adolescentes parece atualmente ser a norma.
Objetivos: O âmbito deste trabalho é fazer uma revisão da literatura quanto às possíveis consequências do sono insuficiente nos adolescentes em termos de saúde mental e outros riscos, perceber de que forma os horários de início escolar podem contribuir para esse problema e rever as recomendações atuais quanto ao horário de início das aulas.
Métodos: Pesquisa bibliográfica em inglês nas plataformas PubMed, Elsevier e Science Direct, com as palavras-chave “adolescent”, “insufficient sleep”, "school”, “school start times”, “mental health”, “risks”. A seleção dos estudos baseia-se na sua relevância.
Resultados: As causas identificadas de sono inadequado nesta população incluem os processos biológicos internos associados à puberdade (atraso do ritmo circadiano e desaceleração do "sleep drive"), e fatores externos (p.ex. atividades extracurriculares, TPC’s excessivos, uso noturno de aparelhos eletrónicos, cafeína e horários escolares precoces). As consequências do sono insuficiente vão desde desatenção, redução no funcionamento executivo e pior performance académica a aumento do risco de obesidade e disfunção cardiometabólica, perturbações do humor (incluindo aumento da ideação suicida), comportamentos de risco (álcool e abuso de substâncias), risco de acidentes (viação, lesões na prática desportiva), a comportamentos violentos.
Conclusões: É indiscutível que o sono insuficiente afeta negativamente a capacidade de aprender e altera o julgamento nos jovens. Parece aliás existir uma relação dose-dependente entre o sono insuficiente e a prática de comportamentos inseguros. Vários estudos realizados ao longo das últimas décadas indicam que horários escolares precoces (i.e., antes das 8h30 AM) são um fator de risco modificável para o sono insuficiente. A literatura suporta a necessidade de atrasar os horários de início das aulas (depois das 8h30 AM) para melhorar a saúde dos estudantes e os seus níveis de bem-estar. Esse horário mais tardio parece estar melhor alinhado com o padrão de sono dos adolescentes e tem sido associado a melhorias na duração do sono, absentismo, suspensões, sucesso escolar e conclusão dos estudos, humor, comportamentos saudáveis, e condução, entre outros.
Palavras Chave: adolescentes; escola; sono insuficiente