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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
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SÍNDROME LIPID TRANSFER PROTEIN? UM CASO CLÍNICO POUCO COMUM

Martins-dos-Santos, Gonçalo1; Prates, Sara1; Leiria-Pinto, Paula1

1Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

Reunião nacional, apresentação sob a forma de Poster, na 40ª Reunião Anual da SPAIC, 11 a 13 de Outubro de 2019, Palácio de Congressos de Albufeira

Introdução: A sensibilização a lipid transfer protein (LTP) é uma causa frequente de alergia alimentar nos países Mediterrânicos. Os alimentos mais envolvidos são os frutos da família Rosaceae e os frutos de casca rija. No entanto, os padrões de sensibilização e de reactividade clínica são bastante diversos. Apresentamos um caso clínico sugestivo de síndrome LTP com um padrão de sensibilização menos comum, incluindo laranja e melão.
Caso clínico: Menina, 8 anos, com eczema atópico, asma e rinite, referenciada à consulta de Imunoalergologia por suspeita de alergia alimentar. Ingestão de fruta pouco diversificada – em geral apenas maçã sem casca e banana. Aos 5 anos, 2 episódios de exantema pruriginoso da face ao contacto com pêssego e após ingestão de um iogurte de pêssego. Aos 6 anos, reacção anafilática após ingestão de noz. Perto dos 7 anos, edema labial e urticária peri-oral durante refeição acompanhada de sumo de laranja. Depois, mais 1 episódio semelhante e vários outros de prurido da face, nasal e ocular na proximidade de pessoas a comer citrinos. Aos 7 anos, 1 episódio de edema labial após ingestão de melão. Testes cutâneos (TC) com extractos comerciais positivos: ácaros, LTP, pêssego (pele), noz, amêndoa, laranja. TC prick-prick positivos: melão, laranja, amendoim; inconclusivos para avelã mas prova de provocação oral positiva. IgE específica laranja 1,10KUA/L. ImmunoCAP ISAC positivo apenas para LTP: Ara h 9, Cor a 8, Jug r 3, Pru p 3, Pla a 3. Foi assim considerado como diagnóstico mais provável a síndrome LTP. Foi indicada evicção dos alimentos implicados e plano escrito de emergência incluindo adrenalina autoinjectável. Encontra-se em ponderação com a família o início de imunoterapia específica sublingual para Pru p 3.
Discussão: São pouco comuns os relatos de hipersensibilidade a citrinos mas encontram-se descritos alguns alergénios, incluindo uma LTP. A hipersensibilidade ao melão é mais comum mas encontra-se geralmente associada à sensibilização a profilinas. No entanto, foi também identificada uma LTP, habitualmente relacionada com urticária de contacto à casca do melão. No caso da laranja, é mais frequente a sensibilização a Cit s 1 (germin-like protein) ou Cit s 2 (profilina). No caso descrito, apesar de não ter sido efectuado estudo molecular dos alergénios da laranja, é provável, dado o perfil de sensibilizações, que o alergénio em causa seja o Cit s 3, uma LTP.