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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Síndrome de TINU – Nefrite Túbulo Intersticial e Uveíte: um diagnóstico a não esquecer

Catarina Rúbio1, Mafalda Matias2, Telma Francisco3, Ana Paula Serrão3

1 - Serviço de Pediatria, Hospital Vila Franca de Xira
2 - Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Barreiro Montijo
3 - Unidade de Nefrologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Reunião da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica de 2019, Hotel Holliday Inn, Lisboa, 11/out/2019 (Poster)

Introdução: A Síndrome de TINU - Nefrite Túbulo Intersticial e Uveíte – é uma causa rara de lesão renal aguda/crónica de apresentação mais ou menos silenciosa e inespecífica, de etiologia indefinida, a que se associa a uveíte. Apresentamos 2 casos clínicos.
Relato de caso: Caso 1: Rapariga de 13 anos, previamente saudável, que dois meses antes da consulta inicia astenia, adinamia, anorexia, náuseas, vómitos e perda ponderal de 10kg. Sem alterações no exame objetivo. Analiticamente: Hb 9.1g/dL, ureia 53.7mg/dL, creatinina 4.96mg/dL (TFG 13.6mL/min/1.73m2), acidose metabólica (pH 7.27, HCO 3 - 16.6 mmol/L), ácido úrico 2.5 mg/dL, glicosúria e proteinúria. Ecografia renal: discreta hiperecogenecidade difusa do parênquima renal. Biópsia renal: lesão túbulo-intersticial crónica, atrofia tubular e fibrose intersticial; imunofluorescência negativa. Por prurido ocular e hiperemia conjuntival foi avaliada pela oftalmologia e detetada uveíte. Oito meses após o diagnóstico, sob terapêutica conservadora, com melhoria progressiva da função renal (TFG 57.26mL/min/1.73m2). Caso 2: Menina de 8 anos, previamente saudável. Dois meses antes da consulta inicia náuseas, anorexia e perda ponderal de 4kg. Analiticamente: Hb 11g/dL, eosinófilos 8%, ureia 45mg/dL, creatinina 1.65 mg/dL (TFG 28mL/min/1.73m2), ácido úrico 2.2 mg/dL, potássio 3.8mEq/L e fósforo 3.3mg/dL, com frações de excreção de potássio e ácido úrico aumentadas e TRF baixa (76.2%), acidose metabólica (pH 7.33, HCO 3 - 19.7mmol/L), glicosúria e proteinúria. Ecografia renal: ecogenicidade aumentada do parênquima renal e diferenciação corticomedular inexistente. Por ardor/prurido e hiperémia ocular foi avaliada por oftalmologia e detetada uveíte bilateral. Nos nove meses de seguimento ocorreu melhoria progressiva da função renal (TFG 71.3mL/min/1.73 m2).
Conclusão: Pretendemos com estes dois casos clínicos alertar para esta patologia, que apesar de ser rara e de exclusão deve ser sempre considerada perante um doente com nefrite túbulo intersticial aguda de etiologia não esclarecida, nomeadamente se apresentar queixas oculares. O diagnóstico da síndrome de TINU permitirá um acompanhamento multidisciplinar e tratamento adequado destes doentes.

Palavras Chave: nefrite túbulo intersticial aguda, uveíte