imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

RE-VACINAÇÃO APÓS EDEMA HEMORRÁGICO AGUDO DO LACTENTE

Míriam Araújo1; Elena Finelli1; Sara Prates1; Paula Leiria Pinto1,2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, CHULC, Lisboa, Portugal
2 - CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Lisboa, Portugal

Reunião Nacional, apresentação sob a forma de poster na 40º Reunião
- Anual da SPAIC, Albufeira, 10 a 13 de outubro de 2019

Introdução: O edema agudo hemorrágico do lactente (EAHL) é uma vasculite leucocitoclástica de evolução benigna, mais frequentemente limitada à pele, que afeta sobretudo crianças com idade inferior a 2 anos. É uma entidade rara, cuja etiopatogenia é desconhecida, embora estejam descritos vários fatores desencadeantes, entre os quais doenças infeciosas, fármacos e vacinação.
Caso Clínico: Lactente de 2 meses, previamente saudável, que recorreu ao serviço de urgência com quadro de lesões eritematosas, maculares e purpúricas, edema simétrico dos membros superiores, membros inferiores e pavilhões auriculares, febre e irritabilidade, com início 24 horas após a administração das vacinas previstas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) (VHB, HiB, DTP, VIP e Pn). Ao exame objectivo não tinha “ar séptico”, nem sinais meníngeos. Salienta-se que tinha sido administrado paracetamol pela febre. Da avaliação analítica, destaca-se proteína C reativa de 26,9 mg/L e hemograma, coagulação, bioquímica e urina II sem alterações. A urocultura e hemocultura foram negativas. Foi medicada com anti-histamínico sem resposta, pelo que ficou internada para vigilância. Assistiu-se à melhoria significativa dos sintomas em 48 horas, sem medicação; teve alta com o diagnóstico de EAHL e foi referenciada para a Imunoalergologia por suspeita de reação de hipersensibilidade à vacinação. Na consulta apurou-se que já tinha tolerado paracetamol posteriormente e foi realizada a vacinação dos 4 meses preconizada no PNV, sob vigilância, a qual decorreu sem intercorrências imediatas, nem tardias.
Conclusões: Neste caso, a re-vacinação duma criança com antecedentes de EAHL, possivelmente associado à imunização, não condicionou recorrência da reação. Não encontrámos, até à data, casos descritos na literatura de re-exposição ao fator desencadeante. Este achado sugere que o aparecimento do EAHL não deve ser considerado contraindicação para administração das doses subsequentes da vacina. Assim o reconhecimento desta patologia é importante para evitar investigações desnecessárias e o incumprimento do PNV, com os riscos inerentes.

Palavras Chave: edema agudo hemorrágico lactente; vacinação