- Revista da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia 2019;28:90-5
- https://dx.doi.org/10.25751/rspa.17186
Introdução: A cirurgia de escoliose pediátrica, realizada para melhorar a qualidade de vida e impedir a progressão da doença, esta sujeita a perdas sanguíneas significativas e consequente consumo de derivados do sangue. Com a intenção de uniformizar o peri-operatório e reduzir as necessidades daqueles, foi implementado um protocolo multidisciplinar.
Material e Métodos: Para avaliação de efectividade comparamos duas coortes: contemporânea (protocolo “P”; 2016) e histórica (préprotocolo “PP”; 2012-2014), em amostra com idades dos 2-18 anos, submetidas a intervenção de mais de três níveis vertebrais.
Resultados: Seleccionamos 63 doentes: 33 no grupo PP e 30 no grupo P. As idades e peso eram semelhantes (mediana 15 anos e 45 kg), o sexo masculino foi mais prevalente no grupo P (PP 12 vs. P 33%). No grupo P o número de doentes transfundido com concentrado eritrocitário no intraoperatório foi tendencialmente mais baixo (PP 67% vs. P 50%, p = 0,097), mais doentes receberam fibrinogénio (PP 12% vs. P 33%, p = 0,026) e a quantidade de plasma fresco congelado foi tendencialmente mais elevada (PP 8,6 vs. P 13,3 mL/kg, p = 0,091). Não existiram diferenças estatisticamente significativas nas perdas sanguíneas. A hemoglobina préoperatória foi tendencialmente mais alta no grupo P (PP 12,9 vs. P 13,5 g/dL, p = 0,079). A
evolução dos níveis de hemoglobina foi diferente entre os grupos, com um nível de hemoglobina superior em média 0,45 g/dL no Grupo P (p = 0,023).
Conclusão: Os protocolos multidisciplinares podem reduzir a proporção de doentes com necessidade de transfusão sanguínea.