1. Unidade de Infecciologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2. Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3. Unidade de Doenças Metabólicas, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
4. Unidade de Nefrologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
5. Serviço de Genética, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
- 20º Congresso Nacional de Pediatria, Centro de Congressos do Estoril, Lisboa, 24 a 25 de outubro de 2019 (poster com discussão)
Introdução / Descrição do Caso: Na criança, a infecção pelo vírus influenza, apesar de cursar habitualmente de forma benigna, pode ter uma apresentação catastrófica com complicações graves. Criança de 7 anos, com antecedentes de mialgias recorrentes associadas a episódios febris, foi internada por febre, odinofagia, colúria, mialgias e recusa da marcha, apresentando rabdomiólise (CK 450400UI/L, mioglobina >24000ng/mL) com lesão renal aguda (TFG 13mL/min/1,73m2). Apesar da hiperhidratação, a evolução foi para anasarca, hipertensão e edema pulmonar agudo com necessidade de hemodiafiltração. A PCR de influenza A H1N12009 foi positiva nas secreções respiratórias pelo que foi medicado com oseltamivir 6 mg/kg/dose. As doses de oseltamivir, apesar de ajustadas à TFG, foram variáveis e inconstantes e o doente manteve PCR H1N12009 positiva durante 11 dias. Em D13 ocorreu novo agravamento clínico e laboratorial com necessidade de hemodiálise e identificou-se influenza H3N2 na PCR das secreções respiratórias, tendo sido admitida infecção nosocomial por um novo vírus da gripe. O teste de resistência para oseltamivir foi negativo. Após revisão da dose de oseltamivir, com toma após sessão de hemodiálise, verificou-se melhoria progressiva da função renal. Na investigação de mialgias recorrentes associadas a episódios febris, foram excluídos defeitos da beta-oxidação e causas genéticas associadas a mioglobinúria por painel NGS (incluindo gene LPIN1), aguardando sequenciação de exoma.
Comentários / Conclusões: A rabdomiólise com insuficiência renal grave pelo vírus influenza A é uma complicação rara, devendo investigar-se uma patologia subjacente. Em doentes pediátricos sob técnicas de substituição da função renal, a dose de oseltamivir pode ser subóptima e não ter os efeitos terapêuticos desejáveis.
Palavras-chave: miosite viral; rabdomiólise; gripe; influenza; lesão renal aguda.