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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PSEUDO-POLIPO ALÉRGICO EM DOENTE COM SÍNDROME DE INTESTINO CURTO

Sofia Bota, Sara Nóbrega, Filipa Santos

Unidade de Gastrenterologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, EPE

XXXII Reunião Anual da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, Comunicação Oral

Introdução: Os doentes com síndrome de intestino curto têm maior risco de alergia alimentar. A procto-colite alérgica é a forma mais frequente de manifestação alérgica em pequenos lactentes, sendo raros pseudo-polipos inflamatórios no contexto desta patologia.
Relato de caso: Lactente do sexo masculino com antecedentes pessoais de síndrome de intestino curto tipo 1 (anastomose jejuno-ileal com 45cm de intestino delgado remanescente, válvula ileo-cecal e cólon) após volvo do intestino médio aos 24 dias de vida. Fez nutrição parentérica até aos 3 meses. Previamente amamentado, apresentou aos 3.5 meses de vida diarreia grave com sangue e muco, após introdução de proteínas do leite de vaca. Sem resposta a dieta com fórmula semi-elementar e elementar. Foram excluída isquémia/necrose intestinal, invaginação intestinal e causas infecciosas. Realizou rectosigmoidoscopia onde observou-se lesão polipoide séssil com 10mm, a 5cm da margem anal, e apagamento do padrão vascular e eritema da mucosa da sigmóide e recto. A histologia da mucosa e pólipo revelou aumento do componente inflamatório do córion, à custa de eosinófilos, compatível com procto-colite alérgica. Houve melhoria progressiva da diarreia sob dieta elementar mas manteve rectorragias. Aos 6.5 meses iniciou budesonido tópico rectal, sem melhoria da lesão polipóide, e aos 9 meses iniciou messalazina tópica com resolução da lesão. Introduziu fórmula parcialmente hidrolisada aos 14 meses. Actualmente, aos 19 meses, está assintomático e tem adequada progressão ponderal (P25-50) e ausência de défices nutricionais. A boa evolução ponderal, suporte inicial com nutrição entérica e resultado de calorimetria.
Conclusões: As formações polipóides são raras na procto-colite alérgica. Neste caso, a evicção de PLV e terapêutica tópica com messalazina permitiram a resolução do pseudo-polipo alérgico. O mecanismo anti-inflamatório da messalazina advém da indução da expressão membranosa de caderinas E e do aumento da adesão intercelular através da inibição do PAK1, que está aumentado nos polipos.

Palavras Chave: pólipo, procto-colite alérgica, síndrome de intestino curto