1 Unidade de Infeciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. CHULC
2 Serviço de Cardiologia Pediátrica, Hospital de Santa Marta, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. CHULC
3 Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central. CHULC
- XVI Jornadas Nacionais de Infeciologia Pediátrica, Braga, 30 e 31 maio e 1 de junho 2019, publicação sob forma de poster em sala.
Introdução: O procedimento de Nuss é uma cirurgia de correção de pectus excavatum minimamente invasiva, que consiste na colocação de uma barra subesternal de aço inoxidável através de duas incisões laterais para elevação da deformidade. O aparecimento febre, toracalgia e a elevação dos parâmetros inflamatórios no pós-operatório pode associar-se a patologia pulmonar ou infeções protéticas, mas raramente (1,5%) a complicações cardíacas como a pericardite.
Relato de caso: Adolescente de 15 anos que três semanas após cirurgia de Nuss inicia febre, vómitos, diarreia, dificuldade respiratória e toracalgia. Foi observado em cuidados primários de saúde e depois no hospital da sua área de residência. Na radiografia do tórax observava-se um aumento de volume da silhueta cardíaca e derrame pleural bilateral acentuado à esquerda. Analiticamente sem leucocitose 12900/uL, neutrofilos 62% e PCR 344 mg/L. Foi requisitada TC torácica que revelou derrame pericárdico moderado e derrame pleural bilateral. O ecocardiograma confirmou um derrame pericárdico de características não puras, sem compromisso hemodinâmico e com boa função biventricular. Cumpriu cinco dias de antibioterapia endovenosa com amoxicilina e ácido clavulânico sem melhoria pelo que foi transferido para hospital terciário. Na admissão estava taquicárdico (119-134bpm), taquipneico (FR 19-24cpm), mantinha febre e toracalgia. O eletrocardiograma mostrava alterações inespecíficas da repolarização. Foi medicado com vancomicina e cefotaxime e anti-inflamatório que cumpriu durante três semanas com melhoria progressiva do derrame pericárdico e derrame pleural bilateral e normalização analítica com evolução para a cura.
Conclusões: Na maioria dos casos, o aparecimento de pericardite e derrame pleural após procedimento de Nuss são atribuídos à síndrome pós-pericardiotomia responsiva a anti-inflamatórios. No entanto, na presença de derrame pericárdico com febre persistente deve ser colocada a hipótese de pericardite bacteriana pois uma antibioticoterapia adequada é fundamental para a evolução favorável no prognóstico.
Palavras Chave: derrame pericárdico, pectus excavatum, pericardite bacteriana, procedimento de Nuss.