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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PATOLOGIA ALÉRGICA NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA: UM PROBLEMA DE SUBDIAGNÓSTICO?

Inês Sangalho1, Susana-Palma Carlos1, Carla Maravilha2, Fátima Lampreia2, Luís Borges2, Paula Leiria Pinto1

1 - Serviço de Imunoalergologia, CHULC – Hospital Dona Estefânia
2 - Unidade Funcional de Medicina Interna 1.4, CHULC – Hospital de S. José

Reunião Nacional, apresentação sob a forma de Poster, na 40ª Reunião Anual da SPAIC, Palácio de Congressos do Algarve, 11 a 13 de Outubro de 2019

Introdução: A patologia do foro imunoalergológico, com prevalência estimada superior a 30%, é muitas vezes subdiagnosticada, sobretudo em doentes idosos com várias co-morbilidades e polimedicados, podendo acarretar um pior prognóstico. Pretendeu-se analisar a frequência da doença alérgica no internamento de Medicina Interna (MI).
Métodos: Realizou-se uma análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes internados ao longo de sete meses numa enfermaria masculina de MI para caracterização da patologia alérgica: diagnóstico, terapêutica e referenciação para a Imunoalergologia.
Resultados: Obteve-se uma amostra de 126 homens, idade mediana 74,5 anos (min: 32; max: 96). Doze (9,5%) tinham patologia alérgica diagnosticada. Contabilizaram-se 7 (5,6%) diagnósticos de alergia medicamentosa (AM), 4 (3,2%) de alergia respiratória (três de asma/ACO, um de rinite), um (0,8%) de alergia alimentar, um de alergia a contrastes e um de alergia de contacto. Quatro de 7 doentes com AM estavam em evicção de fármacos de utilização frequente (betalactâmicos ou AINEs). Dezassete (13,5%) estavam diagnosticados com doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), o que perfaz 20 (15,9%) com patologia respiratória baixa crónica. Dois dos três doentes com patologia respiratória alérgica estavam parcialmente controlados sob terapêutica preventiva no degrau 2 da GINA. Nenhum tinha realizado investigação alergológica, nem sido referenciado para a Imunoalergologia aquando da alta.
Conclusões: Nesta amostra, a frequência do diagnóstico da patologia alérgica é inferior à esperada, sugerindo subdiagnóstico, o que poderá ser parcialmente explicado pela idade, e pela frequente sobreposição de asma e DPOC. Relativamente à terapêutica dos doentes com patologia respiratória alérgica, o tamanho da amostra é reduzido e não permite que se tirem conclusões. Nenhum dos 126 doentes foi referenciado para a Imunoalergologia, nem os que tinham diagnóstico de doença alérgica. Este é um dado preocupante e indicador da premência de sensibilizar as várias especialidades para as vantagens da referenciação, com vista à melhoria dos cuidados de saúde prestados à população. Trabalhos mais alargados nesta área, com doentes de ambos os sexos e no âmbito de várias especialidades, são necessários para melhor caracterizar a dimensão deste problema.

Palavras Chave: patologia alérgica, Medicina Interna, subdiagnóstico