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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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SERÁ POSSÍVEL A INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL SEM SUSPENDER AS COMPRESSÕES TORÁCICAS DURANTE A PARAGEM CARDIO-RESPIRATÓRIA? USO DA SIMULAÇÃO PARA TESTAR AS RECOMENDAÇÕES 2010

Filipa Marques1, José Moure González2, Silvia Rodríguez Blanco2, Ignácio Oulego Erroz2, António Rodríguez Nuñez2.

1 - Área Departamental da Pediatria Médica, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central E.P.E.; 2 - Serviço de Críticos e Urgências Pediátricas. Hospital Clínico Universitário de Santiago de Compostela.

- "1º Congresso da Sociedade portuguesa de Simulação Aplicada às Ciências da Saúde", 15-17/06/2012, Braga (Comunicação oral).

Introdução: As guidelines 2010 para reanimação cardiopulmonar (RCP) recomendam a realização das compressões torácicas da forma mais contínua possível, minimizando interrupções. A intubação orotraqueal (IOT) deveria ser realizada simultaneamente e inferior a 30 segundos. Contudo, a sua aplicabilidade à prática clínica, tem sido pouco testada. A simulação pode ser um modo de testar procedimentos.

Objectivo: Testar a aplicabilidade das recomendações de IOT durante a realização de compressões torácicas contínuas, utilizando simuladores pediátricos.

Material e Métodos: Foram seleccionados 23 internos de Pediatria com treino em RCP e IOT de manequins pediátricos. Foi-lhes solicitada a realização da IOT dos manequins (lactente e criança), enquanto se executavam compressões torácicas contínuas e de qualidade, medindo o tempo requerido para a IOT. A dificuldade subjectiva do procedimento foi avaliada mediante aplicação de um score visual analógico.

Resultados: A mediana do tempo total para IOT (MTTIOT) em ambos os cenários foi inferior ao limite protocolado (≤ 30 segundos). No cenário com manequim de lactente, a MTTIOT foi 28,2 segundos (20,4 -34.4 seg). Sete participantes necessitaram mais de 30 segundos para realização da técnica, 2 requerendo mais de 45 segundos e 1 deles mais de 1minuto. No cenário de criança, a MTTIOT foi de 20.2 segundos (18.6 - 25.1seg). Em 3 casos, foi ultrapassado o limite de tempo admissível, um deles requerendo mais de 45 segundos e outro mais de 1 minuto para o procedimento. A dificuldade de intubação mediante a aplicação do SVA foi idêntica nos dois cenários.

Conclusões: Nos cenários simulados, os internos foram maioritariamente capazes de entubar durante compressões torácicas contínuas, dentro do limite de tempo protocolado, validando "in vitro" a aplicabilidade prática das recomendações. No cenário lactente, o tempo requerido para o procedimento foi superior, sugerindo necessidade de mais treino em IOT durante compressões nesta idade. Nalguns casos, pode ser necessária a interrupção da massagem para IOT num tempo adequado.

Palavras-chave: intubação, paragem cardio-respiratória, compressões torácicas, simulação.