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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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NEFROTOXICIDADE – A importância da prevenção na prescrição

Joana Branco1; Mariane Mourão1; Tânia Moreira1; Telma Francisco1; Raquel Santos1; Gisela Neto1; Ana Paula Serrão1; Margarida Abranches1

1- Unidade de Nefrologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- Reunião da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica de 2019, Hotel Holliday Inn, Lisboa, 11/out/2019 (Comunicação Oral)

Introdução: A nefrotoxicidade induzida por fármacos é uma importante causa de lesão renal aguda (LRA) particularmente na população pediátrica, podendo ser responsável por sequelas a longo prazo.
Métodos:  Análise retrospectiva dos processos clínicos de doentes referenciados à Nefrologia Pediátrica de 2011 a 2019 por LRA de etiologia farmacológica. Colheita de dados demográficos, clínicos e laboratoriais.
Resultados: Registaram-se 25 doentes, dos 2 meses aos 17 anos (mediana 7 anos), 60% do género masculino, 92% apresentavam pelo menos um factor de risco para nefrotoxicidade: 12% com antecedentes de prematuridade; 52% com idade inferior a 5 anos; 60% internados por doença grave (infecção sistémica 6; pancreatite aguda 2; CIVD 1; pneumonia necrotizante 1; desnutrição grave 1; SIDA 1; peritonite 1; enterocolite necrotizante 1; meningite 1); 8% com doença oncológica; 8% com disfunção cardíaca; 20% com depleção de volume; 36% com hipoalbuminemia e 24% com prescrição de pelo menos 3 fármacos nefrotóxicos. Os antibióticos foram os agentes mais frequentemente implicados (52%), a maioria pertencia à classe dos aminoglicosídeos (40%). Os fenótipos clínicos mais frequentes foram lesão renal aguda (64%) e disfunção tubular (44%); em 20% verificou-se associação de mais de um fenótipo. Em 52% dos casos foi possível suspender o fármaco implicado e dois doentes necessitaram de técnicas dialíticas. Em 64% a lesão foi reversível, sendo que um doente evoluiu para doença renal crónica e outro doente para síndrome de Fanconi secundário a ifosfamida.
Conclusão: A percentagem elevada de factores de risco pré-existentes na amostra (92%) evidência a importância da estratificação do risco na prevenção da nefrotoxicidade, uma das poucas causas de LRA modificáveis. Nos doentes mais susceptíveis, o conhecimento da farmacocinética dos fármacos, o respectivo ajuste da dose dos fármacos, bem como a vigilância clínica e a monitorização laboratorial, podem prevenir a lesão renal ou permitir a sua deteção precoce

Palavras Chave: disfunção tubular, lesão renal aguda, nefrotoxicidade