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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Nefrotoxicidade – como prevenir, diagnosticar e tratar

Telma Francisco1

1- Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital Dona Estefânia (HDE), Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central (CHULC), EPE

- Reunião da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica de 2019, Hotel Holliday Inn, Lisboa, 11/out/2019 (Preleção)

Resumo: Cerca de 16% da lesão renal aguda (LRA) que ocorre em doentes pediátricos internados é devida à utilização de fármacos nefrotóxicos. A nefrotoxicidade assume especial importância porque, para além da sua morbimortalidade intrínseca, atrasa ainda a recuperação de outras funções orgânicas. É fundamental identificar os doentes com risco elevado de LRA e fazer uma cuidadosa monitorização dos mesmos, minimizando ou eliminando a sua exposição a fatores de risco acrescidos. São, assim, indispensáveis a adoção de medidas preventivas e de estratificação do risco e estratégias terapêuticas. É importante identificar atempadamente os principais fatores de risco para a ocorrência de nefrotoxicidade. Estes podem estar relacionados com o doente (recém-nascidos, sobretudo se prematuros, e crianças com idade <5 anos são particularmente vulneráveis), com a doença de base (sépsis, hipoalbuminémia, insuficiência hepática, lesão renal prévia, insuficiência cardíaca, doença oncológica, alteração do equilíbrio ácido-base) ou com o fármaco prescrito (potencial nefrotóxico intrínseco do fármaco, associação de mais que um nefrotóxico, dose cumulativa e dias de terapêutica). A nefrotoxicidade deve ser considerada sempre que ocorra LRA sem outra causa identificável, mas também mesmo na presença de outra causa, já que a associação da nefrotoxicidade com outras etiologias de LRA tem um efeito aditivo. Por outro lado, a associação de mais do que um fármaco nefrotóxico aumenta exponencialmente o risco de lesão renal. Na prevenção da lesão renal é essencial ajustar a dose do fármaco à taxa de filtração glomerular do doente e, se possível, realizar doseamentos séricos em vale. Na avaliação da nefrotoxicidade é fundamental o nexo de causalidade, ou seja, avaliar se o fármaco em questão tem potencial para causar o fenótipo clínico-laboratorial encontrado. O pilar do tratamento é a suspensão do fármaco nefrotóxico, quando tal for possível.

Palavras Chave: aminoglicosídeos, lesão renal aguda, nefrotoxicidade