- Comunicação Oral, no 20.º Congresso Nacional de Pediatria, 13 a 15 de Novembro de 2019.
Introdução e Objectivos. A avaliação da cognição na paralisia cerebral (PC) permite adequar apoios à criança e optimizar o seu potencial. Exploram-se factores associados à não utilização de instrumentos de avaliação cognitiva.
Metodologia. A vigilância ativa da PC em Portugal pelo Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral, na idade alvo de 5 anos, segue o protocolo comum da SCPE. Considerou-se a informação registada sobre avaliação cognitiva como “avaliação por teste” e “outra avaliação”. Estudaram-se os casos notificados até setembro de 2018, nascidos em 2001-2010, residentes em Portugal. Exploraram-se associações bivariáveis entre a não-“avaliação por teste” e factores sociogeográficos, clínicos e funcionais. Estimaram-se odds ratio (OR) num modelo de regressão logística hierárquico.
Resultados. Tinham informação sobre avaliação cognitiva 1394 das 1719 crianças notificadas; 27,3% delas através de teste estandardizado. Distribuição da competência cognitiva na amostra global: défice grave 46,6% (650); défice moderado 14,5% (202); sem défice 38,9% (542). Distribuição da competência cognitiva das crianças com “avaliação por teste”: défice grave 22,8% (87); défice moderado 22,6% (86); sem défice 54,6% (208). No modelo final, a não-“avaliação por teste” associou-se à não inteligibilidade da fala (aOR=3,9;[2,9;5,4]), ao défice visual grave (aOR=2,8;[1,4;5,3]) e à PC de tipo disquinético (aOR=2,8;[1,3;6,1]).
Conclusões. A avaliação estandardizada da competência cognitiva não é feita em mais de 72% das crianças com PC. As características do tipo clinico, as competências de comunicação e visuais são determinantes para a não avaliação estandardizada da competência cognitiva das crianças com PC. Devem existir equipas com competências técnicas e recursos adequados às necessidades destas crianças.