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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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MARCHA EM PONTAS E PERFIL SENSORIAL… UMA RELAÇÃO POR DESCOBRIR?

Sara Pires1, Carolina Costa2, Teresa Martins1, Susana Pereira3, Cristina Halpern4, Pedro Caldeira da Silva5

1- Médico Interno, Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa.
2- Médico Interno, Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa.
3- Terapeuta Ocupacional do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa.
4- Assistente Hospitalar Graduada de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa.
5- Chefe de Serviço, Especialidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa.

- Congresso nacional: apresentação de póster no X ENIPIA.

Introdução: A marcha em pontas (MP) é caracterizada pela ausência de contacto do calcanhar com o solo na fase inicial da marcha. A MP pode relacionar-se com alterações estruturais, neurológicas, neuromusculares, paralisia cerebral, distrofia muscular ou ser idiopática (MPI). Crianças com perturbação do espectro do autismo (PEA) apresentam uma maior prevalência de MP e também de alterações do processamento sensorial (PS), contudo, não é clara a relação entre ambos os diagnósticos.
Objectivos: Este trabalho tem como objetivo fazer uma revisão da literatura sobre a relação entre alterações do PS e a apresentação de MPI, em crianças com diagnóstico de PEA e sem diagnóstico de PEA.
Metodologia: Pesquisa de estudos com data de publicação até Outubro de 2019, em Português ou Inglês, através da plataforma PubMed, com as palavras-chave “toe walking”, “children”, “autism spectrum disorder” e “sensory profile”.
Resultados: Crianças com MPI parecem apresentar alterações subtis do PS, nomeadamente uma hipersensibilidade táctil e uma procura sensorial vestibular e propriocetiva. A estimulação táctil pode ser diminuída pela redução do contacto com o pavimento, os estímulos propriocetivos podem ser alterados ao nível do joelho, calcanhar e articulações dos dedos, mediante o posicionamento do pé “em pontas” e os estímulos vestibulares podem ser aumentados pela estimulação vertical e balanço proporcionados pela MP. Apenas um estudo incluiu crianças com PEA, sem resultados conclusivos.
Conclusões: Crianças com MPI parecem apresentar alterações subtis do processamento sensorial e a MP pode ajudar a modelar a quantidade de estímulo a que são submetidas. Será importante que no futuro sejam realizados mais estudos que avaliem esta associação, nomeadamente em crianças com PEA, pois a melhor compreensão deste quadro poderá ajudar na escolha da melhor intervenção terapêutica, melhorando a qualidade de vida destas crianças.

Palavras Chave: autismo, crianças, marcha em pontas, perfil sensorial.