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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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LINFOPROLIFERAÇÃO INDUZIDA POR EBV CONDICIONANDO HEMORRAGIA DIGESTIVA MACIÇA. ABORDAGEM SEQUENCIAL

Gonçalo Luzes Padeira1 ; Ana Margarida Garcia4 ; Tiago Milheiro Silva4 ; Helena Flores3 ; Conceição Neves2 ; Ana Isabel Cordeiro2 ; João Farela Neves2

1 - Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central;
2 - Unidade de Imunodeficiências Primárias, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central;
3 - Unidade de Gastroenterologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central;
4 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central

20º Congresso Nacional de Pediatria, apresentação sob a forma de poster

Introdução: O gene IKBKG codifica a proteína NEMO (NFkB essential modulator), crucial na via de sinalização do NFkB, fundamental para a resposta inflamatória de vários tipos celulares. De transmissão ligada ao X, mutações neste gene causam distintos fenótipos. Na rapariga causam incontinentia pigmenti (IP), uma displasia ectodérmica rara, enquanto no rapaz as mutações amórficas são habitualmente letais in utero e as mutações hipomórficas podem apresentar quadros relativamente heterogéneos, com imunodeficiência, displasia ectodérmica e, em alguns casos, osteopetrose. Apresentam-se 4 casos ilustrativos desta heterogeneidade clínica.
Casos Clínicos: Caso 1 e 2: Duas raparigas, com 2 e 4 anos de idade, com IP clássica desde o nascimento, com envolvimento cutâneo, neurológico e alterações dentárias. Ambas apresentam uma mutação no gene IKBKG. Caso 3: Lactente com 5 meses de idade, sexo feminino, com dermatose exuberante desde o nascimento compatível com IP, sem manifestações neurológicas até à data e com alterações sugestivas de desregulação imune, traduzidas por dejecções diarreicas com muco e sangue desde as primeiras semanas de vida, má absorção e má progressão estatutoponderal. Este fenótipo deve-se, muito provavelmente, a um fenómeno de inactivação aberrante do cromossoma X não afectado. Aguarda estudo genético. Caso 4: Rapaz com 22 anos de idade, sem displasia ectodérmica, seguido em consulta de Imunodeficiências Primárias e de Hematologia desde os 2 anos de idade, por fenótipo imunológico de imunodeficiência comum variável, apresentando infecções respiratórias de repetição, anemia deseritropoiética e doença inflamatória intestinal. Efectuou painel NGS para pesquisa de genes associados a hipogamaglobulinemia, que não revelou alterações e posteriormente realizou WGS, que identificou uma variante na região promotora do gene IKBKG.
Conclusão: Estes casos clínicos demonstram como uma mutação no gene IKBKG pode resultar em apresentações clínicas diferentes, mesmo entre indivíduos do mesmo sexo. O diagnóstico adequado e o correto seguimento em equipa multidisciplinar são fundamentais para a melhoria do prognóstico destes doentes.

Palavras Chave: incontinentia pigmenti, imunodeficiência, IKBKG