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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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INTOXICAÇÃO POR METOTREXATO

Catarina Viveiros1, Sofia Carneiro2, Cristina Mendes3, Anaxore Casimiro2, Filomena Pereira3, Gabriela Pereira2, João Estrada2

1. Serviço de Pediatria, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Porto
2. Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
3. Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Lisboa

- XXII Congresso Nacional de Medicina Intensiva Pediátrica, Porto, 25/10/2019 (poster com discussão)

Introdução: O metotrexato (MTX) é um fármaco amplamente usado em Oncologia, e, quando utilizado em alta dose (> 500 mg/m2) pode causar toxicidade renal, hepática e cutânea importantes. Níveis de MTX superiores a 20 μmol/L 24h após início de uma perfusão de 4h, estão associados a elevado risco de toxicidade.
Descrição de caso: Descreve-se o caso de uma adolescente com o diagnóstico de osteossarcoma proximal do úmero sob terapêutica com MTX em alta dose de acordo com o protocolo EURAMOS -1. Na nona semana de tratamento, por suspeita de reação anafilática no inicio da administração de MTX, suspendeu perfusão. Sem alterações analíticas. Reiniciou administração de MTX (12 g/m 2 ) um dia depois, precedida por clemastina e hidrocortisona. Após 24h surgiram sintomas gastrointestinais, toxicidade cutânea e febre. Analiticamente: DFG 27,23 mL/min/1,73m 2 , aumento das transaminases e doseamento de MTX 376 μmol/L. Aumentou hiperhidratação, manteve alcalinização da urina e ajustou dose de folinato de cálcio, com descida do MTX para 134,8 µmol/L. Transferida para uma Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos. Por deteriorização da função renal (DFG 22,58 mL/min/1,73m 2 ) iniciou hemodiafiltração (cerca de 12h) com melhoria da função renal e descida do MTX para 5,8 μmol/L. Em D3 foi administrada carboxipeptidade com descida do MTX para 1,32 μmol/L. Por agravamento da função renal e níveis mantidos de MTX 0,65 μmol/L reiniciou hemodiafiltração durante 6 dias com redução do MTX até 0,09 μmol/L. Por ser a terapêutica de referência repetiu MTX após 4 meses, já com função renal normal. Após a 3ª administração apresentou sintomas gastrointestinais, toxicidade cutânea. Analiticamente: DFG 46,63 mL/min/1,73m2, função hepática e MTX 249 μmol/L. Instituídas medidas médicas nomeadamente administração de carboxipeptidade. Constatada descida gradual do MTX até 0,55 µmol/L com função renal estável.
Conclusão: A administração de metotrexato é segura na maioria dos doentes contudo pode causar toxicidade significativa e comprometer o tratamento de doença oncológica.

Palavras-chave: cuidados intensivos; hemodiafiltração; metotrexato; toxicidade.