1Unidade de Infecciologia, Hospital de Dona Estefânia - CHULC
- 20º Congresso Nacional de Pediatria. 13 de novembro de 2019, Centro de Congressos do Estoril. Poster.
Introdução A varicela considerada uma doença benigna na infância pode cursar com complicações graves. As infecções cervicais profundas são raras e constituem um verdadeiro desafio clínico.
Descrição do caso Criança de 5 anos com o diagnóstico de varicela que surge com dor, calor, rubor em toalha e edema da hemiface direita que se estendia à região submandibular e cervical com evolução em horas. Associou-se febre difícil de ceder ao antipirético, torcicolo e trismus sem dificuldade respiratória e eritema do períneo e região axilar bilateralmente. Registava-se leucocitose (21.4x109/L), neutrofilia (18.96x109/L), PCR 297,2mg/dL. A TC evidenciava espessamento e densificação do tecido celular subcutâneo na hemiface direita e pescoço, da região malar à base do pescoço e região do opérculo torácico coexistindo com infiltração, heterogeneidade e indefinição dos planos musculares e fáscia cervical sem coleções líquidas. A hemocultura foi estéril mas o antigénio para Streptococcus do grupo A (SGA) foi positivo no exsudado faríngeo. Foi medicada com penicilina e clindamicina e a evolução foi para abcesso submandibular submetido a drenagem cirúrgica em D14 de doença. O exame cultural do exsudado profundo foi estéril. Registou-se melhoria clinica progressiva com diminuição da febre e desaparecimento do exantema sem descamação.
Comentários A associação de escarlatina, celulite, miosite, fleimão cervical e abcesso submandibular é compatível com a emergência crescente de doença invasiva por SGA por estirpes virulentas, em crianças imunocompetentes durante a primoinfeção pelo vírus varicela-zoster. O conhecimento destas manifestações é fundamental para a instituição de antibioticoterapia dirigida e terapêutica das complicações.
Palavras-chave Virus varicela-zoster, streptococcus do grupo A, infecção cervical