Unidade de Infecciologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
- Reunião nacional (20º Congresso Nacional de Pediatria)
Introdução: Na criança, a gripe é uma infecção sazonal geralmente benigna mas pode cursar com complicações potencialmente graves.
Objectivo: Caracterizar os casos de gripe na população internada num hospital pediátrico de nível III.
Métodos: Estudo descritivo de Novembro de 2018 a Março de 2019. Analisaram-se dados epidemiológicos, laboratoriais, clínicos e socioeconómicos. O vírus foi identificado por polimerase chain reaction nas secreções respiratórias.
Resultados: Registaram-se 55 casos, com uma mediana de idades de 5 anos (min 1mês; máx 17anos) com um pico em janeiro/fevereiro (84%). 20/55 (36%) tinham doença crónica: neurológica (10), asma (6), cardíaca (4), genética (3) ou outras (7). Apenas uma criança tinha a vacina completa e nenhuma tinha realizado oseltamivir previamente ao internamento. O vírus influenza A H1N1 foi o mais frequente (62%), seguido do A H3N2 (38%) como a nível nacional (H1N1 68%, H3N2 34%). A patologia respiratória foi a mais frequente (80%). Registaram-se ainda encefalite (7) e miosite (3). Ocorreram complicações em 44 (80%) doentes: pneumonia (25), hipoxémia (13), hepatite (12), otite (8), sinusite (7) e outra co-infecção bacteriana (5). Outras complicações incluíram trombocitopénia (4), sépsis (2), derrame pleural (1), edema agudo do pulmão (1) e insuficiência renal (1). Três casos necessitaram de cuidados intensivos. Não houve óbitos. Ocorreu infecção nosocomial em 9%. A mediana do internamento foi de 4 dias, correspondendo a custos directos diários de 2165€ por doente.
Conclusão: Na doença crónica e 1ª infância, a gripe pode ser uma doença grave com custos e implicações económicas significativas. Tal como em anos anteriores, a vacinação dos grupos de risco, fundamental para diminuir complicações, continua a ser insuficiente.
Palavras Chave: gripe, nosocomial, vacinação