- XXXVII Reunión Anual de la Sociedad Española de Epidemiología, XIV Congresso da Associação Portuguesa de Epidemiologia.
- 3 a 6 de Setembro de 2019.
Antecedentes/Objetivos. A paralisia cerebral (PC) é a deficiência motora mais comum na infância; a sua complexidade clínica e funcional pode dificultar a inserção social. A inclusão escolar é um marcador precoce do potencial de inclusão da criança. Exploram-se os fatores associados à não-inclusão escolar aos 5 anos de idade das crianças com PC residentes em Portugal.
Métodos. O Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral (PVNPC5A), desenvolve a vigilância ativa de casos de PC em Portugal, na idade recomendada de 5 anos de idade, seguindo o protocolo comum da SCPE, que inclui a definição e classificação da PC, instrumentos de avaliação funcional, imagiológica e de morbilidade associada. Para a classificação da complexidade da PC foram utilizados capacidade de deambulação autónoma, a epilepsia ativa, défice cognitivo moderado a grave e défice visual grave. Para os efeitos deste estudo, consideraram-se não incluídas no sistema escolar aquelas referidas como frequentando numa instituição de ensino especial ou apenas no domicílio. Foram estudados os casos de PC notificados ao PVNPC5A até setembro de 2018, nascidos em 2001-2010, residentes em Portugal na altura do registo. Foram exploradas associações univariáveis entre a não-inclusão e fatores socio-geográfico-familiares e fatores clínicos e funcionais; as variáveis de interesse foram objeto de análise multivariável de regressão hierárquica logística, considerando a colinearidade. As associações foram estimadas pelo odds ratio (OR) com intervalo de confiança de 95% (IC95%).
Resultados. Foram estudadas 1119 das 1727 crianças notificadas ao PVNPC. Identificaram-se 200 crianças (18%) não incluídas no sistema escolar. Na análise bivariável, associaram-se à não-inclusão a idade e a escolaridade materna, o ser imigrante, a complexidade da PC, o controlo da baba, a inteligibilidade da fala, a epilepsia e a motricidade fina. O modelo final identificou como associados à possibilidade de não-inclusão a menor escolaridade materna, o ser imigrante, a maior complexidade da PC e a não inteligibilidade da fala.
Conclusiones/Recomendaciones. A promoção da inclusão social precoce das crianças com PC requer a capacitação dos agentes envolvidos, o desenvolvimento de relações de confiança e o apoiar as necessidades de cada criança/família. É necessário apoiar elementos vulneráveis da sociedade (mães com menor escolaridade e famílias de imigrantes) e individualizar os apoios técnicos e humanos.