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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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ENCEFALITE A VÍRUS EPSTEIN-BARR

Ana Pereira Lemos1, José Pedro Vieira2, Carla Conceição3, Maria João Brito1

1- Unidade de Infecciologia, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2- Unidade de Neuropediatria, Área de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
3 - Unidade de Neurorradiologia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 16º Encontro Nacional de Atualização em Infeciologia

Introdução: A infeção primária pelo vírus Epstein-Barr (VEB) ocorre principalmente na criança com a clássica síndrome clínica da mononucleose infeciosa. Contudo, pode cursar com manifestações raras, de alto risco e as manifestações típicas da doença podem não estar presentes, o que pode dificultar o diagnóstico.
Relatode caso: Adolescente de 15 anos com antecedentes de comportamentos psiquiátricos de automutilação após abuso sexual que surge com cefaleia temporal, intensa e pulsátil, febre, diarreia e anorexia com três dias de evolução. É internado por convulsão tónico-clónica generalizada, de curta duração, a que se associou posteriormente síndrome confusional. Encontrava-se desorientado no tempo, com discurso pouco fluente, anomia e discalculia e apresentava tremor grosseiro dos membros superiores. A TC-CE não revelou alterações, líquido cefalorraquidiano (LCR) com 121/uL células com predomínio mononucleares, proteínas 71,4mg/dL e glicose 58mg/dL e eletroencefalograma com eletrogénese irregular e moderada sobrecarga lenta e intermitente nas regiões anteriores, bilateral e simétrica. Iniciou ceftriaxone, aciclovir e ciprofloxacina pela hipótese de encefalite. Realizou depois RM-CE que revelou alteração de sinal de aspeto tumefacto dos núcleos caudados e putamina, de predomínio direito, e cortical na transição fronto-insular bilateralmente. A investigação identificou infeção a VEB sugestiva de infeção primária (VCA IgM e IgG positivos, EA e EBNA negativos) e polymerase chain reaction VEB positiva no LCR. Registou-se melhoria clínica gradual apresentando como sequela uma hipoacusia à esquerda.
Conclusões: O VEB deve ser considerado na etiologia da encefalite aguda, uma vez que, os achados clínicos da doença são inespecíficos. Neste caso os testes laboratoriais serológicos e de amplificação de ácidos nucleicos no sangue e LCR permitiram confirmar a etiologia, mas foi o atingimento preferencial dos gânglios da base na RM-CE que levou à suspeita do VEB como o agente causador de encefalite.

Palavras Chave: encefalite; imagiologia; vírus epstein-barr