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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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Doença poliquística renal autossómica dominante (DPRAD): experiência de 9 anos numa Unidade de Nefrologia Pediátrica de um hospital terciário português

Joana Simões1, Diogo Rodrigues1, Catarina Borges1, Marisa Cruz2, Rute Baptista1, Telma Francisco1, Raquel Santos1, Ana Paula Serrão1, Gisela Neto1, Margarida Abranches1

1 - Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital Dona Estefânia (HDE), Centro Hospitalar e Universitário Lisboa Central (CHULC), EPE
2 - Departamente de Genética, CHULC, EPE

- Reunião da Sociedade Portuguesa de Nefrologia Pediátrica de 2019, Hotel Holliday Inn, Lisboa, 11/out/2019 (Poster)

Introdução: A doença poliquística renal autossómica dominante (DPRAD) afeta 12,5 milhões em todo o mundo. A apresentação clínica e a gravidade são heterogéneas, sendo que 10-15% não têm mutações identificadas. A progressão para doença renal crónica (DRC) ocorre em 5-10% dos adultos em terapia de substituição renal. Os estudos que caracterizam a variabilidade fenotípica têm por objetivo um diagnóstico mais precoce, com perspetiva prognóstica e melhor plano de seguimento.
Métodos: Estudo retrospetivo descritivo de 2009 a 2018.
Resultados: Foram acompanhados 49 doentes com DPRAD, 29 (58%) do sexo masculino e 21 (42%) do feminino. Oito (16%) não tinham história familiar de DRC e 32 (65%) tinham 2 ou mais familiares afetados, principalmente pais e avós. Quatro (8%) tiveram diagnóstico pré-natal. Vinte e seis (53%) apresentaram marcadores de lesão renal: 13 (27%) hipertensão, 8 (16%) albuminúria e 11 (22%) taxa de filtração glomerular (TFG) reduzida; destes, 7 (27%) eram obesos ou com excesso de peso. O excesso de peso / obesidade foi um preditor independente de hipertensão num modelo de regressão logística ajustado para idade, sexo e tamanho dos quistos (p = 0,12). Sete (14%) tiveram envolvimento extra-renal: 5 (10%) hepatomegalia, 1 (2%) quistos hepáticos e 1 (2%) quistos hepáticos e pancreáticos. Vinte e quatro (49%) apresentaram mutações PKD1, 3 (6%) mutações PKD2, 1 (2%) mutações PDK1 e PKD2, 3 (6%) nenhuma mutação e 2 (4%) síndrome de genes contíguos com complexo de esclerose tuberosa.
Conclusão: Existe controvérsia quanto à triagem e acompanhamento dos familiares destes doentes em idade pediátrica. Mais de metade dos nossos doentes com DRPAD apresentaram marcadores de lesão renal, e mais de um quinto era obeso ou tinha excesso de peso, comorbilidades que podem afetar negativamente a função renal. Estes resultados reforçam a importância de identificar e monitorizar estes doentes na idade pediátrica.

Palavras Chave: DRPAD, HTA, redução da TFG