- Poster com Discussão, no 20.º Congresso Nacional de Pediatria, 13 a 15 de Novembro de 2019.
Introdução e Objectivos. O Programa de Vigilância Nacional da Paralisia Cerebral (PVNPC) desenvolve a vigilância activa de base populacional de casos de paralisia cerebral (PC) em Portugal, na idade recomendada de 5 anos de idade, seguindo o protocolo comum da SCPE. A complexidade clínica da PC pode dificultar o preenchimento do formulário de recolha de dados (FRD). Exploram-se factores associados à ocorrência de dados omissos em quatro das variáveis mais afectadas.
Metodologia. Foram estudados os dados referentes aos casos notificados até setembro de 2018, nascidos em 2001-2010, residentes em Portugal na altura do registo. Foram exploradas associações entre a omissão das variáveis de interesse (“cognição”, “visão”, “audição” e “peso aos 5 anos”) e características da notificação, factores sociogeográficos, clínicos e funcionais, usando análise univariável e multivariável (regressão logística).
Resultados. Foram estudadas 1727 crianças notificadas ao PVNPC. A informação sobre “cognição” foi omissa em 18,5% dos casos, “audição” 22,7%, “visão” 24,4% e “peso aos 5 anos” 51,7%. A análise multivariável identificou o “número de notificações por caso” como a mais fortemente associada à omissão da “cognição”, “visão” e “audição” (como protectora), seguida da gravidade da ininteligibilidade da fala (Viking) para “cognição”, das gravidades da GMFCS e da Viking e da presença de epilepsia para “audição”, e da gravidade da BFMF para “visão”; identificou a presença de epilepsia e o ter nascido de termo como fortemente associados à omissão do “peso aos 5 anos”. A omissão de cada uma destas variáveis associa-se fortemente à omissão das outras três.
Conclusões. Esta análise fundamenta a promoção da múltipla notificação e do apoio técnico para avaliar os casos clinicamente mais complexos.