1 - Serviço de Cirurgia Pediátrica, Hospital Dona Estefânia EPE – Centro Hospitalar Lisboa Central
- Apresentado como poster no XXXV Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica, XXI Congresso Brasileiro de Urologia Pediátrica e VI Congresso Brasileiro de Cirurgia Pediátrica Vídeo-Assistida, em Foz do Iguaçú, Paraná
Introdução: A lesão de órgãos intra-abdominais está presente em 15% das crianças politraumatizadas. A abordagem ao traumatismo abdominal fechado é maioritariamente conservadora na idade pediátrica (90% dos casos). As indicações para intervenção cirúrgica são a instabilidade hemodinâmica e a presença de perfuração de víscera oca. A perfuração intestinal após trauma fechado é um evento raro e ocorre principalmente devido a acidentes com veículos motorizados.
Caso Clínico: Apresentamos um caso clínico com vídeo de uma criança com 6 anos de idade, sexo masculino, que recorre ao Serviço de Urgência Pediátrico por dor abdominal peri-umbilical, após traumatismo por murro de colega da mesma idade, algumas horas antes, em período pós-pandrial. Ao exame objetivo de salientar: abdómen difusamente doloroso à palpação, sobretudo no epigastro e região peri-umbilical, sem sinais de irritação peritoneal. Realizou estudo complementar, de que se destaca analiticamente leucocitose de 24600/mm3 e neutrofilia de 88.5%, com hemoglobina de 15,7g/dl e PCR negativa. A radiografia abdominal em pé não apresentava alterações; a ecografia abdominal mostrou moderada quantidade de líquido livre não puro na fossa ilíaca direita, de provável natureza sero-hemática. A tomografia computorizada revelou colapso e espessamento do cólon direito e bolhas gasosas milimétricas livres tendo-se presumido eventual deiscência parietal do cólon direito. Foi submetido a cirurgia vídeo-assistida, tendo-se constatado perfuração jejunal focal coberta por ansa contígua. Procedeu-se à exteriorização da ansa lesada através de pequeno alargamento da incisão umbilical, a enterectomia segmentar e anastomose término-terminal. Evoluiu bem no período de pós-operatório, tendo tido alta ao 7º dia de pós-operatório. Sem intercorrências no follow-up.
Conclusões: A segurança e os benefícios do uso da laparoscopia têm sido amplamente demonstrados na abordagem ao trauma abdominal, evitando um número significativo de laparotomias. Apesar da excelente definição anatómica que a TC fornece, existem áreas de incerteza diagnóstica. A laparoscopia fornece assim informação complementar à TC, pois permite uma visualização direta do intestino, mesentério e do diafragma, regiões em que a TC não apresenta tanta acuidade. A laparoscopia diagnóstica deve ser uma abordagem considerada em doentes hemodinamicamente estáveis, em que há suspeita de lesão intestinal, ou nos casos em que existem dúvidas em relação aos sinais e sintomas.
Palavras Chave: laparoscopia; pediátrico; trauma intestinal;