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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS NO PERÍODO NEONATAL

Maria Teresa Neto

Faculdade de Ciências Médicas/NOVA Medical School/UNL. CHLC, Dona Estefânia Hospital Lisbon. Portugal

- Pós Graduação em Neonatologia. Módulo de Patologia Infeciosa e Imunologia Neonatal. Centro Materno-Infantil do Norte. Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar. Porto, 16 Março 2018

A infecção no período neonatal é muito frequente e de difícil diagnóstico - a clínica é inespecífica, os marcadores indirectos de infecção pouco sensíveis e pouco específicos e os exames culturais são demorados e podem dar resultados falso negativos. A evolução pode ser rapidamente evolutiva e o prognóstico muito reservado, com elevada mortalidade e morbilidade. Por isso os antibióticos são os fármacos mais frequentemente prescritos em Neonatologia. Esta prescrição é sempre baseada na suspeita clínica e, portanto, empírica, resultando num número muito superior ao número de infecções realmente diagnosticadas. Contudo, a utilização de antibióticos no período neonatal não é inócua. Dos possíveis efeitos conhecidos realça-se a modelação da flora bacteriana do intestino, a indução de resistência microbiana, a selecção de estirpes resistentes e o favorecimento de infecções fúngicas. Estão ainda descritos risco aumentado de enterocolite necrosante, risco aumentado de sepsis e maior mortalidade se prescritos a RN pré-termo por vários dias no período neonatal imediato. Por isso a prescrição de antibióticos deve ser muito criteriosa e objecto de avaliação diária. Neste artigo iremos rever como funcionam os antibióticos e como as bactérias respondem a esse funcionamento de modo a sobreviverem ou seja, como se tornam resistentes. Com base nos dados do registo nacional da infecção em UCIN, da DGS, iremos ver qual a sensibilidade dos agentes mais frequentemente isolados em infecções precoces e tardias e os antibióticos mais frequentemente utilizados. Terminaremos com os fundamentos para a tomada de decisão de uma prescrição racional de antibióticos e das medidas a tomar para melhorar o consumo de antibióticos nas UCIN portuguesas.

Palavras Chave: Antimicrobianos, infecção, prescrição racional, recém-nascido