imagem top

2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

CHULC LOGOlogo HDElogo anuario

TUBERCULOSE EM IDADE PEDIÁTRICA – RETRATO DOS ÚLTIMOS 10 ANOS

Madalena Borges, Ana Paula Rocha, Carlota Veiga de Macedo, Tiago Milheiro Silva, Catarina Gouveia, Flora Candeias, Luís Varandas, Maria João Brito

1 - Unidade de Infeciologia, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- 11as Jornadas de Atualização em Doenças Infeciosas do Hospital de Curry Cabral – Centro Hospitalar de Lisboa Central,Culturgest, Lisboa, 25 e 26 de janeiro de 2018, comunicação oral

Resumo:
Introdução: O diagnóstico de tuberculose (TB) é um desafio na idade pediátricaporque a doença se manifesta mais frequentemente com formas graves eextrapulmonares (EP).
Objetivos: Caracterizar os casos de tuberculose com necessidade de internamento numHospital Pediátrico Terciário (<18 anos) em área metropolitana.
Métodos: Estudo descritivo, pela consulta de processos clínicos, dos doentes comtuberculose internados entre setembro de 2007 e 2017 (10 anos) com recurso a SPSS®.
Resultados: Identificados 101 doentes (56,4%sexo masculino) com mediana deidades de 14 anos. 51,5% com nacionalidade portuguesa e 43,6% com origem emPALOP. 12(11,9%) apresentavam imunossupressão (um com infecção VIH).Ocorreram 10 casos/ano, com um pico em 2017 (n=21;20,8%). Identificou-se contatocom TB em 45(44,6%) casos, 26 pertencentes ao agregado familiar. Registaram-se 50(49,5%) casos de TB pulmonar e 51(50,5%) de tuberculose EP: ganglionar(23), óssea(11), meníngea(8), miliar(5), intestinal(3), peritoneal(3), pleural(2), cutânea(2). 23(22,8%) doentes eram bacilíferos sendo o agente identificado em 67,3% dos casos. Aprova tuberculínica foi positiva em 58/75(57,4%) e IGRA positivo em 35/55.Registou-se tuberculose resistente em 12 doentes, apenas um multirresistente.Ocorreram complicações em 4,9% dos casos: fístula broncopleural(1), abcessoparavertebral(1), cifose(1), síndrome hemofagocítico(1) e lesão do palato duro(1). Amediana da terapêutica foi de 6 meses. 11(10,9%) apresentaram complicações daterapêutica: hiperuricémia(6), hepatotoxicidade(4) e toxicidade auditiva(1). Amediana da duração do internamento foi na TB pulmonar, na tuberculose EP e nosdoentes bacilíferos de 15, 24 e 33 dias respetivamente. Não se verificaram óbitos. ATB pulmonar ocorreu em crianças mais velhas (12,9 vs 9,3 anos; p=0,002) e a duraçãode terapêutica foi longa nas TB EP (9M vs 6M; p= 0,025).
Conclusões: Este é o maior estudo de TB doença descrito na idade pediátrica em Portugal e levanta várias questões. Deve o rastreio de doentes oriundos de PALOP sersistemático? Está o número de casos de tuberculose em pediatria a aumentar nosúltimos anos? As formas EP com uma maior complexidade exigem que a suspeiçãoclínica seja fundamental para o diagnóstico.

Palavras Chave: idade pediátrica, tuberculose