Equipa Fixa da Urgência de Pediatria Médica, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central, E.P.E.
- Reunião da Área de Pediatria do Hospital Dona Estefânia, Lisboa Janeiro de 2012 (comunicação).
- 13º Congresso Nacional de Pediatria, Tróia, Outubro de 2012 (Comunicação oral).
Introdução: Os antibióticos (AB) são dos fármacos mais frequentemente prescritos a crianças em ambulatório. Em muitas situações não proporcionam qualquer benefício, para além de promover custos desnecessários e o desenvolvimento de resistências, sendo por isso importante o conhecimento do padrão de prescrição dentro de cada comunidade.
Objectivo: Descrever e quantificar as prescrições de AB para a comunidade efectuadas numa urgência de pediatria (SU) respondendo às seguintes questões: Quantos e quais os AB prescritos? Que variação ocorreu ao longo do ano e com a idade dos utentes? Qual o diagnóstico com que as prescrições se relacionaram?
Material e Métodos: Estudo retrospectivo e descritivo através da consulta da prescrição electrónica em 2010 no SU do Hospital Dona Estefânia (HDE).
Pesquisaram-se AB e antivirais (AV) orais, tópicos e intramusculares, tendo-se excluido os antifúngicos. Os parâmetros avaliados foram: idade, sexo, AB e data da prescrição. Estudou-se numa amostra de 2200 prescrições a idade por meses e o diagnóstico que motivou a prescrição.
Resultados: Em 2010 foram admitidos no SU de Pediatria do HDE 89791 doentes ficando internados 3272 doentes. Dos restantes 86519 foram administradas 2758 penicilinas (3,2%) e prescritos para o domicílio AB ou AV sistémicos ou tópicos em 17605 doentes (20,3%) com um total de AB ou AV sistémicos de 20,5%.
Foram medicadas com AB ou AV 19% das crianças com idade inferior a 1 ano, 24% entre 1 e 6 anos, 18% entre os 6 e os 12 anos e 14% acima dos 12 anos. Houve um predominio de prescrições entre Outubro a Dezembro.
Os AB mais prescritos foram a amoxicilina, amoxicilina/clavulânico, penicilina e macrólidos. Os AB tópicos foram prescritos em 2155 doentes.
Estudou-se uma amostra aleatória de 2200 prescrições de AB/AV e em 68,7% dos casos a patologia era do foro respiratória e nestas, 67,8% foram betalactâmicos seguido dos macrólidos (9,4%).
Comentários: Segundo a OMS em relação às doenças pediátricas febris correntes a prescrição de AB deve ser inferior a 20%. No nosso hospital foram prescritos AB/AV sistémicos em 20,5% do total de altas do SU. De referir que incluímos os AV e o ano de 2010 foi o de gripe A o que também pode explicar o pico notado nos meses de Inverno.
A boa prática de prescrição de AB deve ter em conta todos os problemas que o seu uso levanta, sendo necessária a implementação de orientações e protocolos institucionais que sejam conhecidos e aceites pelas equipas médicas em cuja elaboração estejam envolvidas.
Palavras-chave: prescrição, antibiótico, comunidade, estudo.