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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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REACÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE A COLÍRIOS MIDRIÁTICOS

Ana Palhinha, Ana Margarida Romeira1, Paula Leiria Pinto1,2

1 - Serviço de Imunoalergologia, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E., Rua Jacinta Marto, Lisboa, Portugal
2 - CEDOC, Integrated Pathophysiological Mechanisms Research Group, Nova Medical School, Campo dos Mártires da Pátria, 1150-190 Lisboa, Portugal.

- Reunião Nacional, apresentação sob a forma de Póster na 39º Reunião Anual da SPAIC, Figueira da Foz, 28 a 30 de setembro de 2018

Resumo:
Introdução: O uso crescente de medicação ocular levou ao aparecimento de um maior número de reacções de hipersensibilidade (RH) associadas à mesma. Estas são, na sua maioria, RH tipo IV e, mais raramente, imediatas. Os agentes envolvidos são diversos, desde substâncias activas, como os colírios midriáticos (CM), a substâncias inactivas (conservantes).
Caso clínico: Doente de 82 anos, sexo masculino, sem história pessoal de atopia, enviado da consulta de Oftalmologia por suspeita de RH a medicação ocular tópica. Em Abril de 2017, imediatamente após aplicação de CM iniciou quadro de eritema e edema conjuntival e palpebral, bilateral, muito pruriginoso, que terá durado cerca de 3 meses. Foi observado múltiplas vezes nesse período, tendo realizado vários ciclos de antibioterapia(ATB) e corticóide tópico. Em Setembro de 2017, foi submetido a cirurgia a cataratas ao olho esquerdo, sem reacção. Em Fevereiro de 2018, após consulta em que foram administrados CM, desenvolve quadro clínico reprodutível ao anteriormente descrito, com necessidade de 3 ciclos de ATB e corticóide tópico, com resolução em cerca de 2 meses. Em Maio de 2018, cerca de 24 horas após cirurgia a cataratas ao olho direito(OD), aparecimento de eritema e edema da pálbebra e OD, pruriginoso. Na sequência deste episódio, foi observado em consulta de Imunalergologia, sob terapêutica tópica com dexametasona, clorifenamida e flurbiprofeno, ainda com edema da pálpebra superior direita e hiperémia ocular objectiváveis. Foi possível identificar os fármacos utilizados nas consultas e cirurgias descritas, e todos eles correspondiam a CM - Tropicamida 10mg/ml, Fenilefrina 100mg/ml e Ciclopentolato 10mg/ml. Uma vez que as reacções descritas eram imediatas e não imediatas, realizámos Testes Cutâneos por Picada(TCP) e Testes Epicutâneos(TE) com os fármacos referidos. Os TCP foram positivos para Ciclopentolato, no imediato, e para Fenilefrina, às 48 e 96 horas. Os TE foram positivos às 48 e 96 horas para Fenilefrina. Posteriormente, realizámos Prova de Provocação Ocular(PPO) com Tropicamida que foi negativa.
Discussão: De acordo com os resultados acima referidos, assumimos RH a Fenilefrina e Ciclopentolato. Não testámos as substâncias inactivas uma vez que as presentes na Tropicamida, eram constituintes dos outros CM. Segundo a literatura, existe um número elevado de falsos negativos nos TE, pelo que foi imprescindível a realização da PPO, para exclusão de RH a Tropicamida, a qual pode ser utilizada futuramente.

Palavras Chave: alergia a fármacos; colírios midriáticos;