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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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QUANDO A CIRURGIA DE ÂNGULO NÃO É SUFICIENTE: OPÇÕES NO GLAUCOMA CONGÉNITO

Maria Elisa Luís, Diogo Hipólito Fernandes, Miguel Vieira, Joana Cardigos, Mariana Cardoso, Maria Reina, Cristina Brito

Serviço de Oftalmologia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

- 61º Congresso Português de Oftalmologia, Vilamoura, Dezembro 2018 (Comunicação oral) Publicação sob forma de resumo - vol. 42 n.º S2 (2018): Livro de Resumos do 61º Congresso Português de Oftalmologia

INTRODUÇÃO: A cirurgia de ângulo constitui o procedimento inicial preferencial na abordagem primária do glaucoma congénito. Cerca de 20% das cirurgias falham ao primeiro ano e existe progressão glaucomatosa em cerca de 1/3 dos olhos ao longo da vida.
OBEJCTIVOS: Avaliar as várias opções cirúrgicas quando a cirurgia de ângulo não é suficiente e identificar possíveis factores relacionados com a falência da mesma.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo das intervenções cirúrgicas realizadas após cirurgia(s) de ângulo num grupo de olhos com glaucoma congénito - grupo A; comparação com um grupo controlo, cuja cirurgia(s) de ângulo mostrou-se suficiente grupo B.
RESULTADOS: O estudo incluiu um total de 19 olhos de 12 crianças no grupo A e 21 olhos de 12 crianças no grupo B. Não existem diferenças relativamente ao sexo e ao tipo de glaucoma entre os grupos (p=0.20). A idade aquando da primeira abordagem cirúrgica e o número de cirurgias de ângulo também não mostraram diferença significativa entre os grupos (p=0.15; p=0.09). A cirurgia mais frequentemente realizada foi a trabeculectomia coadjuvada por anti-metabolito. No grupo A, o número de cirurgias prévio (p=0.05), a idade do doente aquando da reintervenção (p=0.08), o intervalo de tempo desde a última cirurgia (p=0.15) e a pressão intraocular (PIO) pré-operatória (p=0.624) foram semelhantes entre olhos submetidos a trabeculectomia com anti-metabolito e implante de dispositivo de drenagem de humor aquoso. Verificou-se uma redução significativa (p<0.001) da PIO média pós-cirúrgica, contrariamente ao número de antiglaucomatosos tópicos adjuvante que se manteve semelhante (p=0.72). A redução da PIO foi semelhante nos diferentes tipos de cirurgia (p=0.22-0.46). Registaram-se complicações cirúrgicas em 41% e 50% dos casos submetidos a trabeculectomia e a dispositivo de drenagem de humor aquoso.
CONCLUSÕES: As opções cirúrgicas no glaucoma congénito refractário à cirurgia de ângulo são várias. Há preferência na literatura pelos dispositivos de drenagem com boa segurança e eficácia. Existe uma taxa significativa de complicações associadas à intervenção de olhos com glaucoma congénito. Não se identificaram factores preditores de insuficiência de cirurgia de ângulo. A idade do doente e o número de cirurgias prévias influência a opção cirúrgica após falência da cirurgia de ângulo primária.

Palavras Chave: dispositivos de drenagem; glaucoma congénito; refractário; trabeculectomia