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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PREVENÇÃO PRIMÁRIA DA ALERGIA ALIMENTAR

Sara Prates

Serviço de Imunoalergologia, Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa

- Apresentação como convidada na 39ª Reunião Anual da SPAIC, Figueira da Foz, 28 a 30 de setembro de 2018

Resumo: Dados epidemiológicos sugerem um aumento da incidência e prevalência de alergia alimentar ao longo das últimas décadas. São analisados alguns possíveis fatores de risco, entre os quais, a exposição solar e os níveis de vitamina D, o papel do microbioma e as alterações da barreira cutânea. São depois abordadas as evidências resultantes de estudos observacionais e intervencionais que avaliam o resultado da introdução precoce de alimentos como o leite, o ovo, o amendoim ou o peixe. Finalmente, é feita uma análise comparativa e crítica das últimas recomendações relativas à alimentação complementar e às estratégias de prevenção da alergia alimentar, emitidas por diversas sociedades médicas. Constata-se que, embora com diferenças ao nível dos procedimentos, há uma tendência generalizada para recomendar a introdução dos alimentos alergénicos até aos 12 meses de vida. No entanto, as evidências em que se baseiam estas recomendações são ainda escassas e há muitas questões não respondidas. Conclui-se que, perante as evidências atuais, parece sensato recomendar o aleitamento materno exclusivo pelo menos 4 meses e iniciar a diversificação alimentar entre os 4 e 6 meses de vida, se possível em paralelo com o aleitamento materno; selecionar os alimentos a introduzir respeitando os hábitos alimentares da família e mantendo a ingestão regular dos alimentos já introduzidos; completar a diversificação alimentar até aos 12 meses de idade; cuidar bem da pele do bebé, utilizando diariamente emolientes adequados, em especial se tiver características de pele atópica ou história familiar de doença alérgica. Perante suspeita de reação alérgica, se esta for ligeira interromper a ingestão até resolução dos sintomas e tentar de novo a introdução do alimento; se houver suspeita de reação grave suspender o alimento e referenciar a criança para Imunoalergologia. Em crianças consideradas de risco poderá ser feita inicialmente a introdução do alimento em pequena quantidade ou, em alternativa, ser feita referenciação para avaliação prévia. Acima de tudo, recomenda-se não manter dietas de evicção prolongadas apenas com base em doseamentos de IgE específica e avaliar os casos suspeitos em consulta de Imunoalergologia com a maior brevidade possível.