1 - Unidade Cuidados Intensivos Neonatais, Hospital de Dona Estefânia. Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
2 - Gabinete de Apoio Epidemiológico e Estatístico do Centro de Investigação, Hospital de Dona Estefânia Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E.;
3 - Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa.
- Sala de Conferências do HDE, 27 de Março de 2012 (Apresentação).
Introdução: A infecção fúngica sistémica está associada a elevada mortalidade e morbilidade em recém-nascidos (RN) de risco. A taxa de incidência nas UCINs varia entre 0,3% e 20% e a letalidade pode atingir 50% no RN <1000g. O reconhecimento dos RN de risco é importante para o início atempado da terapêutica.
Objectivo: Avaliar o perfil de risco de Infecção fúngica sistémica (IFI) numa unidade médico-cirúrgica neonatal.
Métodos: Identificação e caracterização dos RN com diagnóstico de IFI entre 2002 e 2011, definida como sinais clínicos de sépsis e/ou cultura positiva em líquido biológico estéril. Cálculo das taxas de incidência e de riscos relativos.
Resultados: Registaram-se 12 episódios em 12 RN, com medianas da idade gestacional 34 semanas (24–40; 3 com IG<28 semanas) e do peso 2091g (600–3660). A mediana da idade no episódio foi 36 dias (8–63). Sete casos ocorreram em RN operados: 2 tinham ileostomia pós enterocolite necrosante, 2 extrofia da bexiga, 1 válvulas da uretra posterior, 1 onfalocelo e 1 hérnia diafragmática; 4 episódios ocorreram em doentes com imunodeficiência não atribuível à prematuridade; 1 episódio ocorreu num extremo prematuro não operado. Todos os RN tiveram acesso venoso central - 10 ainda no momento do diagnóstico; 11 RN receberam nutrição parentérica total - 10 ainda no diagnóstico; 10 tinham iniciado alimentação entérica e em 11 tinha sido prescrita antibioticoterapia prévia de largo espectro; em nenhum foi prescrito antifúngico profilático. Os 3 RN com anomalia urológica estavam algaliados ou tinham drenos na altura do diagnóstico. A hemocultura foi positiva em 8 episódios; 2 tinham também urocultura positiva e, num, também o líquor; 4 tinham apenas urocultura positiva. Isolou-se C. albicans em 7 episódios, C. parapsilosis em 4 e C. tropicalis em 1. A letalidade foi 8% (1/12). A taxa de incidência geral foi 4,6 episódios por 1000 internamentos; o RR nos doentes cirúrgicos foi 4,15 (IC95%:1,32-13,02). Na extrofia da bexiga, válvulas da uretra posterior e hérnia diafragmática ocorreram incidências de 33,3%, 12,5% e 4,9% respectivamente.
Conclusões: A Infecção fúngica sistémica foi um acontecimento raro; o risco variou com as condições clínicas, o que deve ser tido em conta na instituição de medidas de prevenção.
Palavras-chave: infecção fúngica sistémica, unidade médico-cirurgica neonatal.