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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PHDA: HAVERÁ RELAÇÃO ENTRE A DIETA E A DOENÇA?

Rita Amaro1, Sofia Vaz Pinto1, Miguel Fogaça da Mata2

1 – Psiquiatria da Infância e Adolescência, Área da Mulher e da Criança, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, Lisboa
2 – Cardiologia Pediátrica, Hospital Santa Cruz, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental

- 23rd World Congress of the International Association of Child and Adolescent Psychiatry and Allied Professionals

Resumo:
Introdução: A etiologia da Perturbação de Hiperatividade e Deficit de Atenção (PHDA) continua a ser debatida, tendo a dieta sido um dos fatores identificados. Padrões dietéticos pouco saudáveis parecem ser o achado mais comum, não se compreendendo se serão causa ou consequência da PHDA.
Objetivos: Perceber a relação entre o ambiente dietético infantil e a PHDA para, assim, propor uma reflexão acerca desta temática.
Metodologia: Foi realizada uma revisão seletiva da literatura no PubMed e B-On com as palavras “ADHD”, “attention deficit hyperactivity disorder”, “diet”, “glucose”, “food”.
Discussão: Crianças com PHDA parecem ter hábitos de alimentação pouco saudáveis. Excesso de peso e hipocortisolismo, níveis de cortisol diurnos mais baixos, foram encontrados em crianças com PHDA comparativamente com grupos controlo. Os baixos níveis de cortisol contribuiriam para o aumento de risco de hipoglicémias, o que levaria a aumento de apetite e maior intake/dieta hipercalórica com consequente aumento ponderal. Sintomas cognitivos nomeadamente relacionados com alterações na atenção e memória parecem surgir com níveis de glucose inferiores a 3 mmol/L. Parece haver uma relação inversa entre adesão à dieta mediterrânica e o diagnóstico de PHDA, tornando-se evidente que a dieta na sua globalidade parece ser mais determinante que nutrientes específicos. Parece existir uma relação dose-resposta entre consumo de refrigerantes açucarados e diagnóstico de PHDA. A gravidez parece ser uma janela promissora para a diminuição do risco de PHDA, associando-se o ambiente nutricional materno pré-natal com o processo epigenético de metilação do gene insulin-like-growth-factor-2 o qual parece ser modulador major do desenvolvimento encefálico, especificamente do cerebelo e hipocampo, áreas associadas com a PHDA.
Conclusão: Os hábitos alimentares das crianças com PHDA devem fazer parte da avaliação e deverão ser encorajados mais estudos pela natureza modificável dos fatores nutricionais e sua importância na modulação epigenética.

Palavras Chave: Alimentação Infantil, Dieta, PHDA