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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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PÉ CAVO – RELEMBRANDO O TEMA

Teresa Plancha Silva; Rita Cardoso Francisco

1 - Interna de Medicina Física e de Reabilitação, Área Músculoesquelética, Hospital de Curry Cabral, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa
2 - Medicina Física e de Reabilitação, Área da Mulher, da Criança e do Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, EPE, Lisboa

Reunião institucional – reunião de serviço do serviço de MFR-HDE

Resumo:
Introdução: O pé cavo é caracterizado por um arco longitudinal medial alto, está presente em 10-15% da população geral e inicia-se geralmente na 2ª década de vida. Distinguem-se essencialmente os tipos simples ou directo, cavovaro e calcaneocavo. A etiologia pode ser determinada em 80% dos casos. A avaliação clínica, aliando anamnese e exame objectivo rigoroso, juntamente com a solicitação adequada de exames, permite estabelecer a etiologia e orientar o tratamento a realizar.
Objectivos: Rever os tópicos principais sobre pé cavo, nomeadamente a sua etiologia, fisiopatologia, exame clínico, exames complementares de diagnóstico e abordagem terapêutica.
Métodos: Pesquisa bibliográfica na plataforma PubMed Central, de artigos de revisão publicados recentemente sobre o tema.
Resultados: A etiologia mais frequente é a neurológica, com destaque para a doença de Charcot-Marie-Tooth. O pé cavo pode envolver complicações como entorse do tornozelo e calosidades, e nos casos graves, incapacidade para a marcha. Quanto à fisiopatologia parece existir um desequilíbrio entre a musculatura intrínseca e extrínseca do pé. A anamnese é fundamental para procurar causas secundárias, como antecedentes familiares sugestivos de doença hereditária ou história compatível com paralisia cerebral. O exame objectivo deve ser completo, incluindo a nível do pé a avaliação da flexibilidade do retropé/antepé, força muscular e exame neurológico detalhado. A podoscopia é uma ferramenta útil para a rápida visualização da curvatura e grau de assimetria do pé cavo. O rx em perfil dos pés fornece várias informações sobre a gravidade da deformidade. Podem ser necessários outros exames como rx/RM da coluna ou EMG. Os objectivos gerais do tratamento são a obtenção de um pé móvel, indolor e estável. Consoante o tipo de pé cavo e a gravidade da situação pode-se optar pelo tratamento conservador (uso de calçado adaptado, utilização de produtos de apoio ou realização de fisioterapia) ou cirúrgico.
Conclusões: O pé cavo não é um diagnóstico específico mas sim um espectro clínico. É essencial avaliar o retropé e antepé, distinguir os tipos de deformidade e procurar a causa subjacente, relembrando que o pé cavo idiopático deve ser um diagnóstico de exclusão. A abordagem terapêutica, conservadora ou cirúrgica, deve ser adaptada a cada situação.

Palavras Chave: Pé cavo, cavovaro, calcaneocavo