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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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O EFEITO DO POLIMORFISMO d3-GHR NA RESPOSTA TERAPÊUTICA À HORMONA DE CRESCIMENTO NA POPULAÇÃO PORTUGUESA

Eduarda Coutinho1, Lurdes Sampaio2, Carla Pereira2, Lurdes Lopes3, Catarina Limbert3, Rosa Pina3, Daniela Amaral3, Margarida Bastos4, Alice Mirante5, Isabel Dinis5, Manuel Fontoura6, Carla Costa6, Conceição Bacelar7, Helena Cardoso7, Ana Antunes8, Sofia Martins8, Maria Gomes8, Manuel C. Lemos1

1 - Centro de Investigação em Ciências da Saúde; Universidade da Beira Interior (CICS-UBI); Covilhã.
2 - Unidade de Endocrinologia; Serviço de Pediatria Médica; Hospital de Santa Maria; Centro Hospitalar Lisboa Norte; Lisboa.
3 - Unidade de Endocrinologia Pediátrica; Hospital de Dona Estefânia; Área da Mulher, Criança e Adolescente; Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central; Lisboa.
4 - Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo; Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Coimbra.
5 - Unidade de Endocrinologia; Serviço de Pediatria Médica, Hospital Pediátrico de Coimbra; Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; Coimbra.
6 - Unidade de Endocrinologia; Serviço de Pediatria Médica; Hospital Pediátrico; Centro Hospitalar de São João; Porto.
7 - Serviço de Endocrinologia; Diabetes e Metabolismo; Centro Hospitalar do Porto, Porto.
8 - Serviço de Pediatria; Hospital de Braga; Braga.

- CONGRESSO PORTUGUÊS DE ENDOCRINOLOGIA 69ª REUNIÃO ANUAL DA SPEDM (comunicação oral)

Introdução: O tratamento com hormona de crescimento (GH) recombinante está indicado em crianças com atraso de crescimento por deficiência de GH, síndrome de Turner e em outras perturbações do crescimento. A resposta inter-individual ao tratamento é muito variável, admitindo-se a influência de fatores genéticos. A GH exerce as suas funções sinalizadoras após ligação ao seu recetor transmembranar codificado pelo gene GHR (growth hormone receptor). Existem diversas isoformas deste recetor, sendo uma delas induzida por um polimorfismo frequente que implica a excisão total do exão 3 (d3-GHR), produzindo uma proteína mais pequena em 22 aminoácidos. Alguns estudos têm sugerido que a presença desta isoforma está relacionada com uma resposta terapêutica mais eficiente, quando comparada com a isoforma mais longa (fl-GHR). No entanto, outros estudos não encontraram qualquer associação com o genótipo dos doentes.
Objetivo: Este estudo pretendeu analisar o efeito dos 3 genótipos (fl/fl; fl/d3; d3/d3), do gene GHR, na resposta ao tratamento com GH.
Métodos: Foram estudados 97 doentes Portugueses tratados com GH (84 com deficiência de GH, 9 com síndrome de Turner, e 4 com outras patologias), no âmbito de um estudo multicêntrico. Os doentes (62 do sexo masculino e 35 do sexo feminino) apresentavam uma idade de início de tratamento (média±desvio padrão) de 7,4±4,7 anos. O DNA genómico foi extraído a partir de amostras de sangue periférico dos doentes. A presença do polimorfismo d3-GHR foi determinada com recurso a técnicas de PCR multiplex. O aumento estatural dos doentes foi avaliado considerando o SDS (standard deviation score) no início e após um ano de tratamento com GH (delta-SDS). O delta-SDS foi comparado entre os grupos de doentes de acordo com o respetivo genótipo (fl/fl; fl/d3 e d3/d3) e alelo (fl ou d3), e analisado por tipo de patologia e idade de início de tratamento. A análise estatística foi realizada utilizando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Foram considerados estatisticamente significativos valores de p<0,05.
Resultados: As frequências genotípicas observadas neste grupo de doentes foram de 47% (fl/fl), 40% (fl/d3), e 12% (d3/d3). O delta-SDS para cada um dos genótipos foi de 0,77±0,71 (fl/fl), 0,95±0,92 (fl/d3), e 0,74±0,51 (d3/d3). A análise da correlação do genótipo com o aumento estatural após um ano de tratamento com GH não revelou valores estatisticamente significativos (p=0,797), mesmo depois dos doentes serem agrupados pela presença de pelo menos um alelo d3 (p=0,610) ou fl (p=0,818). Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas quando os genótipos foram analisados em função do tipo de patologia e idade de início do tratamento.
Conclusões: Neste grupo de doentes Portugueses, o genótipo do recetor da GH, relativo ao polimorfismo d3-GHR, não está associado à resposta terapêutica à GH. Os diferentes resultados dos estudos realizados nesta área poderão dever-se a diferenças no perfil genético e ambiental das populações estudadas.

Palavras Chave: gene GHR; polimorfismo d3-GHR; hormona de crescimento; tratamento.