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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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O DESAFIO DA UTILIZAÇÃO DE ANTIFÚNGICOS EM CUIDADOS INTENSIVOS PEDIÁTRICOS

Paula Rocha1, Nuno Félix1, Inês Salva1, Raquel Ferreira1, Catarina Gouveia2, Margarida Santos1

1 - Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central E.P.E.
2 - Unidade de Infecciologia Pediátrica, Área da Mulher, Criança e Adolescente, Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central E.P.E.

- XXI Reunião da Sociedade de Cuidados Intensivos Pediátricos; Lisboa, 23 de Novembro de 2018 (comunicação oral)

Introdução: Os doentes internados em unidades de cuidados intensivos pediátricas (UCIP) têm maior risco de infeções fúngicas invasivas (IFI). O reconhecimento dos fatores de risco e a instituição precoce de terapêutica são fulcrais.
Objetivo: Análise dos doentes internados numa UCIP nos quais foi instituída terapêutica antifúngica (AF) por suspeita de IFI.
Material e Métodos: Estudo restrospetivo descritivo e caso-controlo, num período de 10 anos (2008 a 2017).
Resultados: Foi prescrito AF em 110 doentes (3,2% do total de internamentos); a maioria (96,4%) tinha ≥1 fator de risco para IFI, mais frequentemente cateter venoso central (81,7%), antibioterapia com vancomicina (53,6%) e febre refratária a antibióticos de largo espetro (48,6%). A alteração analítica mais comum foi a trombocitopenia (51,4%). Cerca de 81% dos doentes tinham doença crónica, sendo a oncológica a mais frequente (41,6%). Houve identificação do fungo em 27,3% (n=30): 20 Candida albicans (66,7%), 5 C. parapsilosis (16,7%), 3 C. glabrata (10%), e 2 C. tropicalis (6,7%). Houve 14 IFI, 7 das quais com co-infeção por outro agente causador de sépsis (ACS), mais frequentemente S. aureus. As 16 restantes infeções fúngicas foram infeções urinárias (IU), nas quais foi identificado ACS em 4 casos. Em 62 doentes não foi isolado ACS, sendo que em 12 foi diagnosticada IU fúngica. Os AF utilizados foram os polienos em 66,4% (anfotericina B), os triazóis em 29,7% (itraconazol e voriconazol) e as equinocandinas em 3,6% (caspofungina e micafungina). Houve 14 óbitos.
Discussão: A prescrição de antifúngicos foi empírica na maioria dos casos, baseando-se nos fatores de risco e necessidade de tratamento precoce destas infeções, potencialmente graves. Menos de um terço dos doentes tinham culturas positivas a fungos.

Palavras Chave: antifúngicos, cuidados intensivos, infeções fúngicas invasivas, sépsis.