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2023

ANUÁRIO DO HOSPITAL
DONA ESTEFÂNIA

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NEISSERIA MENINGITIDIS B RESISTENTE À RIFAMPICINA. PRIMEIROS CASOS EM PORTUGAL

Cláudia Silva1; Tiago Silva1; Flora Candeias1; Margarida Pinto2; Maria João Brito1

1 - Unidade de Infecciologia, Hospital Dona Estefânia, CHLC – EPE
2 - Serviço de Patologia Clínica, Hospital DonaEstefânia, CHLC - EPE

Poster com Discussão, 19º Congresso Nacional de Pediatria, Centro de Congressos do Estoril, 24 a 26 de Outubro de 2018

Resumo:
Introdução: Neisseria meningitidis é causa de surtos de doençainvasiva grave e associa-se a elevada incidência decomplicações e risco de mortalidade, requerendoabordagem imediata e tratamento precoce.A quimioprofilaxia é recomendada aos contactospróximos e deve ser iniciada, preferencialmente, nasprimeiras 24 horas.Em Portugal, a rifampicina é o fármaco de primeiralinha para profilaxia.A resistência à rifampicina já foi observada emalguns casos no mundo e pode ocorrer após quimioprofilaxia. Sabe-se que esta resistência ocorre por mutações nocluster I do gene rpoB da N. meningitidis.
Relato de caso: Criança de etnia cigana, de oito meses, internada por febre, gemido, vómitos e petéquias. Ocorreu evolução para sépsis cominstabilidade hemodinâmica e coagulação intravascular disseminada. Admitiu-se sépsis meningocócica e foi medicada comceftriaxone. Foi prescrita profilaxia aos contactos com rifampicina e notificado o Delegado de Saúde. Após três dias, a irmã de trêsanos foi internada por febre e vómitos. A punção lombar foi traumática e as hemoculturas negativas mas, pelo diagnóstico da irmã,foi medicada com ceftriaxone. Apresentou também evolução para sépsis com instabilidade hemodinâmica e discrasia hemorrágica.Em D4 de internamento, no caso índex identificou-se no líquor Neisseria meningitidis sensível a ceftriaxone (ETeste 0.016ug/ml),com sensibilidade intermédia a penicilina (ETeste 0.25ug/ml) e resistente à rifampicina. Contactou-se novamente o Delegado deSaúde para novo ciclo de quimioprofilaxia aos contactos com ciprofloxacina. A serotipagem identificou Neisseria meningitidisgenótipo B. A evolução foi favorável e o estudo do complemento era normal em ambos os casos.
Conclusões: Esta é a primeira descrição de Neisseria meningitidisBresistente à rifampicina em Portugal.A emergência desta resistência pode comprometer osucesso da profilaxia dos contactos e o tratamentodesta doença grave.Esta situação tem vindo a alterar a quimioprofilaxianoutros países.A monitorização laboratorial é fundamental paradecidir alterar ou não estratégias de profilaxia no futuro.

Palavras Chave: Neisseria meningitidis, resistência, rifampicina